14 milhões de aves fazem seus ninhos todo ano no Monumento Nacional Marinho de Papahānaumokuākea, no Havaí (foto: Lieutenant Elizabeth Crapo_NOAA Corps)
Um Amazonas de mares protegidos
Os Estados Unidos ganharam uma reserva ambiental 27 vezes maior do que todas as unidades de conservação marinhas brasileiras somadas
O maior evento mundial de conservação da natureza foi aberto na última quinta-feira em Honolulu sob o signo da criação de uma gigantesca reserva ambiental no Pacífico. O Monumento Nacional Marinho de Papahānaumokuākea, no Havaí, foi ampliado pelo presidente Barack Obama e passa a ter 1,5 milhão de quilômetros quadrados, área comparável à do estado do Amazonas. A reserva é 27 vezes maior do que todas as unidades de conservação marinhas brasileiras somadas.
O evento em questão é o Congresso Mundial de Conservação, promovido a cada quatro anos pela União Internacional para a Conservação da Natureza. O encontro reúne mais de 9 mil participantes de 190 países para discutir os principais desafios ambientais enfrentados pelo planeta.
A reserva de Papahānaumokuākea havia sido criada em 2006, na administração de George W. Bush, e teve sua área quadruplicada por Barack Obama, que é natural do Havaí. A medida inclui a proibição da pesca comercial em toda a área do parque e deve beneficiar as mais de 7 mil espécies que vivem ali (um quarto das quais não ocorrem em nenhum outro lugar do planeta), além das milhões de aves que vêm fazer seus ninhos no arquipélago. O vídeo abaixo, produzido pela ONG Pew Charitable Trusts, oferece um panorama das espécies beneficiadas pela medida (legendas apenas em inglês).
A ampliação da reserva foi evocada no discurso das autoridades que falaram durante a abertura do congresso em Honolulu. “Papahānaumokuākea é a maior área protegida do mundo”, afirmou a secretária do Interior dos Estados Unidos, Sally Jewell, que representou Barack Obama na cerimônia (naquele dia o presidente estava no Havaí para apresentar a boa nova e foi mergulhar nas águas azuis da reserva). “O monumento marinho protege permanentemente recifes de corais intocados, hábitats marinhos e importantes recursos ecológicos e culturais”, completou a secretária, que trajava um colar havaiano e uma echarpe estampada com borboletas monarcas.
A medida de Obama também foi festejada por Tommy Remengesau, presidente de Palau, um país-arquipélago na Micronésia. “Somos ambos nascidos em ilhas e entendemos a necessidade de se viver de forma sustentável”, disse o estadista. Remengesau lembrou a criação, no ano passado, do Santuário Marinho Nacional de Palau, uma reserva de 500 mil quilômetros quadrados, ou duas vezes o estado de São Paulo. A área equivale a 80% da zona econômica exclusiva da nação insular (a chamada ZEE é a faixa oceânica cujos recursos podem ser explorados pelos países costeiros). “É um bom começo, presidente Obama”, brincou Remengesau. “Quando você tiver protegido 80% de sua ZEE, os Estados Unidos poderão enfim se juntar ao clube.”
No Brasil, a extensão das áreas marinhas protegidas está muito aquém desses dois exemplos. As 60 unidades de conservação costeiras do país somam 55 mil quilômetros quadrados, uma área pouco menor que a do estado da Paraíba. A maior dessas reservas é o Parque Nacional do Cabo Orange, no Amapá, com 6,6 mil quilômetros quadrados – pouco mais que a área do município de Brasília –, de acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
As áreas marinhas protegidas no país correspondem a cerca de 1,6% da sua zona econômica exclusiva. O Brasil e outros países se comprometeram a proteger, até 2020, 10% de seu território marinho – no caso brasileiro, isso equivale a sextuplicar a área protegida num período de quatro anos. O país chegou a anunciar, em 2014, que triplicaria a área costeira protegida, mas o plano ainda não saiu do papel.
O blog viajou a Honolulu financiado pela Earth Journalism Network.
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