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    14 milhões de aves fazem seus ninhos todo ano no Monumento Nacional Marinho de Papahānaumokuākea, no Havaí (foto: Lieutenant Elizabeth Crapo_NOAA Corps)

Questões da Ciência

Um Amazonas de mares protegidos

Os Estados Unidos ganharam uma reserva ambiental 27 vezes maior do que todas as unidades de conservação marinhas brasileiras somadas

Bernardo Esteves | 03 set 2016_01h41
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O maior evento mundial de conservação da natureza foi aberto na última quinta-feira em Honolulu sob o signo da criação de uma gigantesca reserva ambiental no Pacífico. O Monumento Nacional Marinho de Papahānaumokuākea, no Havaí, foi ampliado pelo presidente Barack Obama e passa a ter 1,5 milhão de quilômetros quadrados, área comparável à do estado do Amazonas. A reserva é 27 vezes maior do que todas as unidades de conservação marinhas brasileiras somadas.

O evento em questão é o Congresso Mundial de Conservação, promovido a cada quatro anos pela União Internacional para a Conservação da Natureza. O encontro reúne mais de 9 mil participantes de 190 países para discutir os principais desafios ambientais enfrentados pelo planeta.

A reserva de Papahānaumokuākea havia sido criada em 2006, na administração de George W. Bush, e teve sua área quadruplicada por Barack Obama, que é natural do Havaí. A medida inclui a proibição da pesca comercial em toda a área do parque e deve beneficiar as mais de 7 mil espécies que vivem ali (um quarto das quais não ocorrem em nenhum outro lugar do planeta), além das milhões de aves que vêm fazer seus ninhos no arquipélago. O vídeo abaixo, produzido pela ONG Pew Charitable Trusts, oferece um panorama das espécies beneficiadas pela medida (legendas apenas em inglês).

 

A ampliação da reserva foi evocada no discurso das autoridades que falaram durante a abertura do congresso em Honolulu. “Papahānaumokuākea é a maior área protegida do mundo”, afirmou a secretária do Interior dos Estados Unidos, Sally Jewell, que representou Barack Obama na cerimônia (naquele dia o presidente estava no Havaí para apresentar a boa nova e foi mergulhar nas águas azuis da reserva). “O monumento marinho protege permanentemente recifes de corais intocados, hábitats marinhos e importantes recursos ecológicos e culturais”, completou a secretária, que trajava um colar havaiano e uma echarpe estampada com borboletas monarcas.

A medida de Obama também foi festejada por Tommy Remengesau, presidente de Palau, um país-arquipélago na Micronésia. “Somos ambos nascidos em ilhas e entendemos a necessidade de se viver de forma sustentável”, disse o estadista. Remengesau lembrou a criação, no ano passado, do Santuário Marinho Nacional de Palau, uma reserva de 500 mil quilômetros quadrados, ou duas vezes o estado de São Paulo. A área equivale a 80% da zona econômica exclusiva da nação insular (a chamada ZEE é a faixa oceânica cujos recursos podem ser explorados pelos países costeiros). “É um bom começo, presidente Obama”, brincou Remengesau. “Quando você tiver protegido 80% de sua ZEE, os Estados Unidos poderão enfim se juntar ao clube.”

No Brasil, a extensão das áreas marinhas protegidas está muito aquém desses dois exemplos. As 60 unidades de conservação costeiras do país somam 55 mil quilômetros quadrados, uma área pouco menor que a do estado da Paraíba. A maior dessas reservas é o Parque Nacional do Cabo Orange, no Amapá, com 6,6 mil quilômetros quadrados – pouco mais que a área do município de Brasília –, de acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

As áreas marinhas protegidas no país correspondem a cerca de 1,6% da sua zona econômica exclusiva. O Brasil e outros países se comprometeram a proteger, até 2020, 10% de seu território marinho – no caso brasileiro, isso equivale a sextuplicar a área protegida num período de quatro anos. O país chegou a anunciar, em 2014, que triplicaria a área costeira protegida, mas o plano ainda não saiu do papel.

O blog viajou a Honolulu financiado pela Earth Journalism Network.

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