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Um jantar para a história

A formação, ao longo de décadas, de coleções de obras de arte, livros, ou ainda de cartas e manuscritos, permite muitas vezes que surjam naturalmente no conjunto acumulado subgrupos de peças com características comuns, representativas de um período ou de um evento particular.

Raras vezes, no entanto, coincidem numa mesma coleção duas peças tão complementares como os bilhetes reproduzidos nesta página, que se referem a um só assunto e se unem para fornecer dois aspectos de um mesmo evento.

| 19 fev 2013_16h23
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A formação, ao longo de décadas, de coleções de obras de arte, livros, ou ainda de cartas e manuscritos, permite muitas vezes que surjam naturalmente no conjunto acumulado subgrupos de peças com características comuns, representativas de um período ou de um evento particular.

Raras vezes, no entanto, coincidem numa mesma coleção duas peças tão complementares como os bilhetes reproduzidos nesta página, que se referem a um só assunto e se unem para fornecer dois aspectos de um mesmo evento.

O atual detentor obteve a primeira destas duas cartas há doze anos na França: um conciso bilhete do pintor impressionista Auguste Renoir dirigido ao grande poeta simbolista francês Stéphane Mallarmé:

O conteúdo do bilhete poderia parecer banal, pois se refere apenas a um convite para jantar. O que o torna especial é o fato de relacionar diretamente duas grandes figuras da cultura francesa do final do século XIX e mencionar também os nomes da pintora Berthe Morisot (então senhora Eugene Manet, irmão do pintor Edouard Manet) e do grande artista Edgar Degas, na casa de quem ocorreu o jantar.

Doze anos depois de obtida esta peça, o colecionador teve a oportunidade de adquirir num leilão dos Estados Unidos uma carta aludindo ao mesmo jantar, desta vez dirigida por Degas a Berthe Morisot e mencionando os mesmos Renoir e Mallarmé:

“Obrigado, querida senhora, de ter tido a bondade de aceitar simplesmente meu convite levado pelo mensageiro Renoir. Mallarmé me responde também que vem. Então, até segunda-feira.

Amizades, Degas”

Renoir, mais jovem que Degas, serviu-lhe de mensageiro, tanto junto a Mallarmé, quanto a Berthe Morisot, sempre referida como Madame Manet.

Este jantar memorável, que juntou três dos maiores artistas impressionistas com o maior poeta francês de seu tempo, é mencionado em vários livros e biografias recentes, pois a amizade entre este grupo de grandes figuras tornou-se lendária.

A reunião atual destes dois documentos originais, que, devido a sua própria natureza, nunca foram antes conservados juntos, permite evocar e ilustrar laços que uniram quatro notáveis criadores.

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