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colunistas

A vingança do analógico

Precisamos reaprender a usar a internet

Lucas de Abreu Maia | 07 dez 2018_08h00
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Interpretar movimentos no mercado financeiro faz quase tanto sentido quanto interpretar mapa astral. Mas se tem astrólogo indicando ministro, me sinto legitimado para usar o movimento recente no mercado de ações para motivar minha muito mais inconsequente análise a seguir.

As gigantes de tecnologia passam pela maior crise de suas histórias. Até esta terça, o Facebook havia perdido 37% do valor de mercado, em comparação com o pico das ações da empresa, alcançado em julho. Para a Apple – que chegou a bater, pela primeira vez na história, 1 trilhão de dólares em capitalização –, a queda foi de 24%. Ações de Google, Amazon e Netflix também estão em queda livre. Por quê?

Há duas décadas, mais ou menos, a democracia tem mostrado sinais de fraqueza. Mas o primeiro choque real, mesmo, veio há dois anos, com a eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. Havia cinco meses desde que os britânicos tinham votado por deixar a União Europeia, mas quase todo mundo insistia que aquele havia sido só um ponto fora da curva. Que, de jeito nenhum, a democracia do mundo elegeria um palhaço laranja para o cargo mais poderoso do mundo. Elegeu.

Ainda durante a campanha, já se falava que a Rússia poderia estar tentando usar a internet para divulgar notícias falsas a fim de eleger Trump. Desde então, quanto mais se cava, mais aparece. O poço parece não ter fundo.

Descobriu-se que dados de usuários do Facebook foram a base a partir da qual se construiu a propaganda a favor do Brexit, sem que ninguém soubesse ou permitisse seu uso. Descobriu-se que as mesmas cabeças por trás do Brexit pensaram a campanha de Trump à Presidência. Descobriu-se que o Facebook foi usado para justificar o genocídio em Mianmar. No mês passado, o New York Times descobriu que a empresa sabia dos vazamentos antes de eles virem a público – e que, em vez de resolver o problema, ela decidiu fazer uma campanha para desacreditar os seus críticos. E, nesta semana, o parlamento britânico descobriu que o Facebook usava os dados dos usuários como moeda de troca com outras empresas de tecnologia. Sabe-se lá o que ainda há para se descobrir.

Mas o Facebook, embora seja o caso mais emblemático, não é o único. Outras empresas do Vale do Silício também estão diante de uma crise de relações públicas. Há dois motivos para isso, um de causas óbvias, e outro de causas desconhecidas.

O de impacto imediato é o modelo de negócios dessas empresas. As redes sociais dependem de um público cada vez mais engajado e viciado nelas. É de propósito que vimos com destaque nas nossas timelines os conteúdos mais polêmicos e enfurecedores. Nenhum sentimento gera tanto engajamento quanto a fúria. Facebook e Twitter precisam das nossas opiniões, curtidas e emoticons, para que anúncios cada vez mais precisos cheguem aos consumidores mais suscetíveis a eles.

O Google tampouco é um paradigma de respeito à privacidade. Seu modelo de negócios também depende precisamente de vender dados detalhados dos seus usuários para as agências de publicidade. A Netflix depende de criar algoritmos cada vez mais sofisticados para manter o telespectador interessado na tevê, enquanto a tela do celular é a competição desleal. E a Apple – bem, foi ela que criou o aparelho que nos viciou em todas essas coisas, para começo de história.

Mais cedo ou mais tarde a gente tinha de perceber que não dava para deixar essas empresas criarem produtos cada vez mais viciantes e serem cada vez mais displicentes com nossos dados indefinidamente. Parece ser isso que o dinheiro está percebendo: alguma forma de regulação espreita na esquina.

Mas há um outro motivo para a pequena crise do Vale do Silício, de longo prazo e cujas causas ainda não estão claras: a revolução digital simplesmente não entregou o que prometeu. A produtividade dos trabalhadores está mais ou menos estagnada em quase todo o mundo desde a década de 80. A renda quase não cresce mais nos países ricos, em comparação com a inflação. A população desocupada – aquela que nem trabalha, nem estuda e que sequer procura emprego – só cresce. A desigualdade aumenta e o mundo parece ainda estar de ressaca da crise de 2008.

Os robôs que fariam os trabalhos indesejados não chegaram. A comunicação que integraria toda a humanidade nos separou mais que nunca. O infinito conhecimento da internet nos fechou na nossa ignorância. Nem uma década atrás falávamos em democracia digital. Vocês sabem em que pé está a democracia.

É por isso que as gigantes da tecnologia estão em crise. Simplesmente estamos de saco cheio delas, embora não saibamos mais viver sem elas.

Toda a tecnologia é neutra. É o modo como lidamos com ela que dita se é boa ou ruim. Precisamos reaprender a lidar com a internet. Precisamos valorizar o lento, em vez do imediato; o reflexivo, em vez do impulsivo; o profundo, em vez do raso.

Lucas de Abreu Maia
Lucas de Abreu Maia

É jornalista e doutorando em ciência política na Universidade da Califórnia, San Diego. Foi repórter de O Estado de S. Paulo e Exame

 

 

 

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