Reinaldo Azevedo, Raquel Sheherazade e Marco Antonio Villa foram contratados para converter a Jovem Pan em palanque contra Dilma, Lula e o PT. Dono da rádio e fiador da mudança, Tutinha exulta com o fato de não fazer mais "jornalismo água de salsicha": "Aos poucos vou reerguendo essa merda" ILUSTRAÇÃO: NEGREIROS_2015
A nova sinfonia paulistana
Como a rádio Jovem Pan se reinventou ao dar voz para o sentimento antipetista em São Paulo
Julia Duailibi | Edição 106, Julho 2015
“Bom dia! Muito bom dia para você que nos ouve. Hoje é segunda-feira, então coraaaagem, amigos”, diz a locutora, em tom esportivo, esticando o “a”. Os relógios marcam sete e meia. “Estamos em pleno verão brasileiro. Vinte e um graus neste momento na capital paulista. Faz um friozinho gostoso”, continua ela, com animação. Naquele momento, o trânsito na cidade ultrapassava os 50 quilômetros. A voz dá lugar ao som de uma orquestra nervosa e apressada – e a buzina dos instrumentos de metal anuncia de maneira estridente que o dia começou. “Vambora, vambora/Olha a hora, vambora” – o refrão da Sinfonia Paulistana, longa peça musical escrita pelo paraense Billy Blanco há mais de quarenta anos, é inequívoco: estamos na frequência AM 620 kHz. É a rádio Jovem Pan.
A jornalista Rachel Sheherazade é a dona da voz que apresenta o Jornal da Manhã, carro-chefe da emissora paulista, no ar desde 1972. Nos estúdios da Jovem Pan, no 24º andar do edifício Sir Winston Churchill, na avenida Paulista, Sheherazade chama as manchetes do dia 9 de março. Dois locutores de voz grave e empostada começam a ler os destaques, como num jogral. “Dilma Rousseff pede paciência, e brasileiros respondem com vaias e panelaço em doze capitais”, diz um deles; “Em rede de rádio e tevê, presidente defendeu ajuste fiscal e cobrou apoio da população”, emenda o outro. Sobe o som. Um barulho de panelas, vaias e apitos invade o estúdio.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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