Desde 2015 foram achadas 229 guarajubas, árvores declaradas extintas na natureza em 1998 FOTO: IUCN_UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E RECURSOS NATURAIS
A volta das que não foram
Uma árvore considerada extinta está, na verdade, sob o nariz dos pesquisadores
Bernardo Esteves | Edição 123, Dezembro 2016
Há alguns meses, o biólogo Eduardo Fernandez não dispunha de muitas opções se quisesse ter acesso a seu principal objeto de estudo, uma árvore conhecida popularmente como guarajuba, que só ocorre em território fluminense. Ele podia observá-la no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde existem apenas seis exemplares, ou se contentar com amostras preservadas em herbários.
Dona de um tronco claro e vistoso que parece estar descascando, a guarajuba chega a atingir 30 metros de altura. Em 1846, quando a descreveu, o naturalista Francisco Freyre Allemão batizou-a de Terminalia acuminata e notou que predominava na baixada litorânea do Rio. Como sua madeira é de boa qualidade e flutua bem, a árvore se presta perfeitamente à fabricação de móveis e embarcações. Por isso, acabou sofrendo exploração indiscriminada e, em 1998, entrou na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. O catálogo – produzido por uma ONG com sede na Suíça – enumera bichos e plantas que se encontram em perigo ou já desapareceram. Nele, a guarajuba figura como “extinta na natureza”.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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