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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2013

esquina

A biblioteca de Pinochet

Coleção do ditador chileno incluía livros que ele mandou queimar

João Paulo Charleaux | Edição 87, Dezembro 2013

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Há várias maneiras de um homem parecer inteligente. Uma delas é arqueando a sobrancelha. Outra é seguindo o exemplo do general chileno Augusto Pinochet, que em dezessete anos de ditadura usou dinheiro público e influência política para amealhar uma das maiores coleções privadas de livros de que se tem notícia. O ditador não passou para a história propriamente como um sábio. Mas agora se sabe o quanto ele tentou.

Aluno mediano na Escola Militar – graduou-se em décimo lugar numa classe de catorze depois de ter fracassado duas vezes no exame de admissão –, Pinochet passou a vida atormentado por um complexo de inferioridade intelectual que o levou a formar uma das maiores bibliotecas privadas de seu tempo, amealhada em grande parte com cheques da Presidência da República.

A coleção do general tinha 55 mil volumes, 15 mil a mais do que o maior bibliófilo brasileiro, José Mindlin, conseguiu reunir em mais de oitenta anos de vida. Postos em fila, os livros de Pinochet dariam cerca de 1,5 quilômetro de estante e, ao ritmo de um por dia, precisariam de 151 anos para serem lidos. Algumas obras do acervo foram subtraídas do patrimônio público.

 

“Ele furtou exemplares de altíssimo valor histórico. Um deles foi o diário original de José Miguel Carrera [herói da independência e primeiro comandante do Exército da história do Chile]”, contou o diplomata chileno Heraldo Muñoz, que hoje vive em Nova York, onde é subchefe do PNUD, órgão da ONU para o desenvolvimento. “Vários historiadores dedicaram suas vidas a pesquisar a vida de Carrera e não puderam concluir seus estudos na década de 80 porque lhes faltava o diário, mantido por Pinochet em cima de um criado-mudo, na cabeceira da cama”, diz o diplomata, que era um dos assessores do presidente deposto em 1973, Salvador Allende.

O caso que Muñoz conta não é futrica. Só em 2005, já na democracia, o Museu Histórico Nacional do Chile conseguiu de volta o diário de Carrera. Outras pérolas históricas, como o diário de Claude Gay – historiador francês, colega de Charles Darwin, e autor dos primeiros registros das fauna e flora chilenas, no século XIX –, também fizeram parte da coleção do general, que dizia publicamente gostar de ler “quinze minutos antes de dormir”.

 

A descoberta da montanha de livros só aconteceu quando a Justiça chilena começou a investigar os depósitos feitos pelo ditador no Riggs Bank, nos Estados Unidos, com dinheiro público desviado. Os depósitos – que segundo uma auditoria da Universidade do Chile somaram 21,3 milhões de dólares – foram detectados depois dos atentados do 11 de Setembro, em 2001, quando o governo americano devassou contas bancárias em busca de movimentações ligadas a grupos terroristas.

 

Para ressarcir os cofres públicos, a Justiça determinou que fosse feito um inventário para embargo dos bens do general, na época já de pijama. Ao todo, catorze peritos foram envolvidos no trabalho. Foram eles que descobriram que Pinochet mantinha os 55 mil volumes de “livros de altíssimo valor patrimonial e comercial”, divididos entre suas três residências, além da Academia de Guerra e da Escola Militar, em Santiago. A coleção não chegou a ser embargada. Boa parte dela foi doada pela família para bibliotecas militares e a Fundação Pinochet, criada em 1995 por apoiadores do general.

A história da biblioteca se tornou conhecida este ano, depois que o jornalista Juan Cristóbal Peña publicou o livro La Secreta Vida Literaria de Augusto Pinochet. Na capa, o ditador aparece abrindo um sorriso zombeteiro enquanto folheia um dos livros do comunista italiano Antonio Gramsci. O autor conta que os peritos da Justiça conseguiram determinar o valor de apenas 10% dos livros. Com base nisso, ele estimou o valor total da coleção – quase 3 milhões de dólares.

“Pinochet sabia, certamente, mais do que aparentava saber. Trata-se de um personagem que engana muito. A própria esquerda teve a necessidade de pintá-lo como um tolo, como forma de minorar sua derrota”, disse Peña em entrevista em Santiago. Para o autor, o general, que morreu em 2006, “era um militar que funcionava num estado permanente de guerra, de espionagem”.

 

Prova disso são os livros de autores de esquerda que o ditador possuía, ao mesmo tempo em que mandava queimá-los em praça pública. O Manifesto Comunista não podia faltar, assim como Nuestro Camino al Socialismo, de Allende. Na Fundação Pinochet – um casarão arborizado escondido atrás de um muro alto num bairro rico de Santiago – está uma pequena parte da biblioteca, que inclui obras do outro lado do espectro ideológico, como O Livro Negro do Comunismo. A sensação de realismo fantástico ao visitar o memorial de um senhor cujo regime torturou 28 mil pessoas e matou outras 3 mil é ainda maior quando o gerente do local explica que a fundação recebe todos os anos a visita de 4 mil pessoas e oferece bolsas de estudo para 200 jovens.

Num pequeno sebo de Santiago, meses atrás, o autor desta reportagem fez um achado que atraiu a atenção da imprensa chilena. Uma edição de 1978 do livro Comentario Sociológico apareceu entre as centenas de publicações vendidas pelo livreiro Luis Rivano, um dos antigos fornecedores de Pinochet, no Centro da capital. O livro trazia o seguinte texto carimbado na página 1: “Este livro foi doado à Academia de Guerra pelo presidente da República e comandante em chefe do Exército, Augusto Pinochet Ugarte.” Doado por um presidente ao Exército, um órgão público, Comentario Sociológico nunca poderia estar à venda.

No fim, Pinochet era um consumidor modesto de literatura militar. Os anos passados na Academia Militar, como estudante e professor, não merecem mais que alguns parágrafos em sua extensa autobiografia. Aos guarda-costas, o ditador confidenciava que o que gostava de ler, mesmo, era A Arte da Guerra, manual para combatentes de todas as estirpes, com dicas do general chinês Sun Tzu, do século IV a.C. Em qualquer aeroporto ou banca de jornal do mundo, a obra pode ser encontrada por um preço equivalente a 10 reais.

João Paulo Charleaux

É jornalista, com reportagens publicadas em Nexo, O Globo, Estadão e Folha. Lançou em 2022 o livro Ser Estrangeiro: Migração, Asilo e Refúgio ao Longo da História, pela Companhia das Letras.

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