“O objeto mais complicado da matemática”, segundo alguns. Porém, bastam seis toques do teclado para produzi-lo. Mergulhos sucessivos na estrutura revelam uma complexidade crescente IMAGENS PRODUZIDAS POR HARALD SCHMIDT, CIENTISTA DA COMPUTAÇÃO QUE GEROU OS FRACTAIS A PEDIDO DE PIAUÍ, MAS SEM COBRAR NADA E "POR DIVERSÃO"
Z→Z2 + C
As nuvens não são esferas nem as montanhas são cones. Era o que pensava Benoît Mandelbrot. Na ânsia de explicar o mundo natural, ele descobriu a função e a beleza das formas impuras e chamou a atenção para um dos objetos mais inesgotáveis da matemática*
João Moreira Salles | Edição fields, Agosto 2014
Fosse ele um homem mais fácil de classificar, a frase seria outra: “O matemático Benoît Mandelbrot morreu no dia 14 de outubro passado.” Mas aí teríamos de combinar com os matemáticos, muitos dos quais achavam que Mandelbrot “podia ser muitas coisas, menos um deles”.
Muitas coisas, de fato, ele foi. O texto que o apresentou como conferencista de um seminário dizia: “Lecionou economia em Harvard, engenharia em Yale, fisiologia na Faculdade Albert Einstein de Medicina…” Aventurou-se na linguística e estudou a oscilação dos preços do trigo. Escreveu sobre a distribuição espacial entre cidades grandes e pequenas. Decifrou o mistério do ruído aparentemente aleatório das ligações telefônicas, provando que eram inevitáveis e, ao contrário do que pensavam os engenheiros, regulares. Identificou padrões entre terremotos e frequências cardíacas. Terminou a vida como catedrático de matemática em Yale, aos 85 anos, sem jamais ter provado um teorema relevante.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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