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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2009

esquina

Política mascarada

Tem Lula sindicalista e Lulinha paz e amor

Paula Scarpin | Edição 38, Novembro 2009

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Olga Valles aperta um botão e a plataforma com cinco esculturas em resina sobe em direção a uma folha de plástico bege, formando cinco rostos da senadora Marina Silva. Dona da Condal, maior e mais antiga fabricante de máscaras de Carnaval no Brasil, Olga se vê, aos 51 anos, comandando um jogo de apostas políticas — em que nem sempre sua convicção partidária prevalece. No ano passado, por exemplo, apostou no sucesso comercial de Barack Obama, apesar de nutrir simpatia pela concorrente democrata, Hillary Clinton.

No sobrado que abriga a fábrica, em São Gonçalo, monstros, heróis, Papais Noéis e celebridades disputam espaço com políticos de várias gerações. O primeiro grupo é responsável pelo grosso do lucro da Condal; o segundo, pela fama. Desde o fim da ditadura, quando o rosto de Jânio Quadros estreou no Carnaval, os jornalistas marcam ponto para saber qual vai ser a bola da vez. “Me sinto uma analista política”, vaticina dona Olga.

Jânio ainda era prefeito de São Paulo quando o artista catalão Armando Valles chegou ao Brasil, em 1954, para trabalhar em uma pequena fábrica de bonecas. O negócio faliu, ele ficou. O motivo não diferia muito do que ainda atrai turistas ao país — salvo por um detalhe: Valles resolveu fazer do Carnaval seu ganha-pão. Começou confeccionando moldes para Clóvis, as máscaras macabras iguais às utilizadas no Carnaval francês no século XIX.

 

Com a popularização do plástico, Armando Valles implantou uma técnica que permitia a produção em série: ele esculpia o rosto em argila que, pronta, servia de molde. Era uma época em que ainda não se falava em direito autoral, o que permitia à Condal produzir máscaras de toda a turma da Luluzinha e dos heróis da Marvel.

Do outro lado do oceano, Olga crescia fantasiando com a fábrica dos tios no Brasil. Sobrinha da esposa de Armando, ela ansiava pelas férias, quando os dois retornavam à Espanha carregando as máscaras que produziam. Na juventude, quando cursava enfermagem, a família de um paciente resolveu presenteá-la pelos serviços e perguntou: “Qual é o seu maior desejo?” Olga respondeu sem pestanejar: “Ir ao Brasil.” Veio passar três meses, ficou seis. “Aquela era a vida dos meus sonhos, mas eu voltei resignada. Terminei a faculdade, me casei e tive três filhos”, lembra. O contato com os tios, depois da visita, ficou cada vez mais frequente.

 

Em 1994, sua tia ficou doente e morreu. Preocupada, Olga ofereceu-se para passar um tempo no Brasil, consolando Valles e ajudando com a fábrica. Era um pretexto. “Eu sabia que seria julgada, mas estava mesmo é apaixonada pelo Armando”, conta. Deixou para trás um casamento que já havia morrido e passou os anos seguintes dividida entre São Gonçalo e Barcelona, onde continuaram seus filhos. As idas e vindas à Espanha acabariam resultando em um novo mercado. Hoje, na Condal, Zapatero divide uma fileira com Severino Cavalcanti e Itamar Franco — todos vendidos a módicos 2,20 reais.

 

Olga conta que jamais descarta um molde. “A gente não sabe quem vai reaparecer no noticiário”, justifica. “O Collor, por exemplo, andava meio sumido, mas com a confusão no Senado voltou a virar máscara. Com o Michael Jackson foi a mesma coisa.” Quando o ídolo pop morreu, Olga teve que tirar do armário dois moldes diferentes: um Michael dos tempos de Thriller, com pele escura e cabelo enrolado, e um Michael atual, ariano, com o nariz diminuto. Luiz Inácio Lula da Silva também merece duas versões. A primeira, para o público ortodoxo, resgata sua cara de sindicalista, com cenho franzido e barba escura. Para os neoliberais, há a roupagem “Lulinha paz e amor”, em que o presidente sorri, bonachão, com barba e cabelos grisalhos.

Quem ganhou a segunda versão bem mais rápido foi a ministra Dilma Rousseff. “Fizemos a primeira máscara quando começaram a falar do PAC. Daí ela logo fez a recauchutada e tivemos que atualizar: tirar rugas, óculos, dar uma inovada no cabelo.” Olga enfatiza, no entanto, que o privilégio não se estende a todos. Em 2000, quando disputava pela segunda vez a prefeitura do Rio, Cesar Maia pediu que as suas máscaras saíssem mais sorridentes. “Ele mandou até foto para servir de inspiração. O Armando decidiu que não merecia”, lembra.

Armando Valles faleceu em 2007. “Ele tinha 82 anos, trinta a mais que eu, mas eu nunca me lembrava disso. Achei que não conseguiria levar a fábrica sem o ânimo dele”, emociona-se Olga. Além do ânimo, a Condal dependia das esculturas de Valles para o molde de novas máscaras. “Os lojistas sugeriam que eu tirasse os moldes a partir da concorrência, mas se fosse para corromper, eu preferia procurar outro negócio.” Foi então que seu filho mais velho veio em socorro. Recém-formado em administração, chegou de Barcelona decidido a modernizar a empresa, trazendo, a tiracolo, o amigo e artista Sérgio Arbusa, que passou três meses estudando a técnica de Valles. No início de 2009, Arbusa assinou sua primeira criação de porte: Barack Obama. A máscara fez tanto sucesso que o proprietário de um site dos Estados Unidos acabou encomendando uma remessa para revender pela internet. Como o casal é a atual coqueluche americana, ainda pediu, de bate-pronto, 450 máscaras da primeira-dama Michelle.

 

A Condal ganharia uns dólares a menos se John McCain tivesse sido eleito.

Paula Scarpin
Paula Scarpin

Foi repórter da revista por doze anos, e fundou a rádio piauí. É diretora de criação da Rádio Novelo.

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