Luiz Inácio Lula da Silva FOTOS: ORLANDO BRITO
Vultos da República
Entre dois votos, uma volta ao ar viciado dos gabinetes
Orlando Brito | Edição 1, Outubro 2006
O voto popular é a hora da verdade da política. Ao afirmar a sua vontade, o povo traz a política para a luz do dia. Tudo aquilo que a situação e a oposição tramam em segredo nos bastidores passa pelo crivo dos eleitores. A política deixa de ser teatro de sombras, tema de especialistas, para se tornar assunto de todos.
O primeiro turno das eleições presidenciais foi uma hora da verdade. A vontade popular quis que a decisão final sobre os rumos do Brasil, e também o balanço da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, fossem adiadas por mais algumas semanas. O adiamento da definição de quem será o próximo presidente não se deve ao entendimento de que é preciso aprofundar o debate político. Ou, ao menos, não se deve apenas a essa necessidade. Haverá segundo turno porque existe uma questão policial.
Não é de hoje que uma parte da política foi tomada pelo banditismo. Nem se pode dizer que o gangsterismo se restringisse somente às margens do sistema político. A história republicana é pródiga de negociatas e escândalos. O que há de novo é a exposição espetacular de falcatruas urdidas a partir da cúpula do poder político. Recursos usados com discrição nos corredores da política se tornaram públicos: a bolada de dólares, a compra de consciências, a produção de falsidades.
As fotos de Orlando Brito captam vultos sombrios do poder. Captam a tensão entre o que é dito nos palanques e para as câmeras da televisão e aquilo que, nos bastidores, é urdido de fato. As fotos estão além da retórica política, da imagem que os políticos fazem de si mesmos. Elas mostram o desespero da política.
São fotos que voltam às CPIs do mensalão e a apresentam figuras-chave do dossiê falso dos sanguessugas. Elas não querem registrar a indignação estudada, a contrição em excesso, as punhaladas retóricas, os dedos duramente em riste, o mea culpa ao vivo, para os holofotes. Elas mostram aquilo que é real e pouco aparece: a desesperança, a soberba, o nervosismo do poder no momento mesmo em que ele perde potência, em que deixa de ser poder.
![José Dirceu](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210035/1_portdois.jpg)
![Duda Mendonça e Antonio Palocci Filho](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210114/1_port5.jpg)
![Ricardo Berzoini e Aloizio Mercadante](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210108/1_port5_.jpg)
![Márcio Thomaz Bastos](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210028/1_portsete.jpg)
![Roberto Jefferson](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210101/1_port8.jpg)
![Marisa e Luiz Inácio Lula da Silva](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210056/1_port9.jpg)
![Luiz Gushiken](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210051/1_port10.jpg)
![Silvio Pereira](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210017/1_portonze.jpg)
![Marcos Valério](https://s3.amazonaws.com/uploads.piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2016/01/17210042/1_port13.jpg)
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