ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2016
O cheiro da orca
Um perito em esqueletos
Roberto Kaz | Edição 114, Março 2016
Numa segunda-feira recente, o biólogo Antonio Amâncio chegou ao Museu de Anatomia Veterinária da Universidade de São Paulo carregando uma serra, um alicate, um martelo e uma chave de fenda. Passou diante de um esqueleto de girafa, cruzou com um pelicano taxidermizado e então avistou, a 3 metros de altura, a ossada de uma orca. Pediu que o cetáceo fosse descido ao chão, para que ele pudesse desmontá-lo. “A sequência das costelas estava errada. E também havia musculatura ressecada em alguns dos ossos”, diagnosticou. Passaria a semana trabalhando no esqueleto.
Para o biólogo, baleia boa é baleia morta. Ele é dono da única empresa do país especializada em armar e desarmar esqueletos de cetáceos, a Amâncio Osteomontagem. Já remontou uma jubarte no Rio Grande do Sul, um cachalote no Ceará e uma baleia-de-Bryde no Maranhão. Ultimamente, tem se dedicado a uma ossada de 13 metros no aquário marinho a ser inaugurado no Rio de Janeiro pouco antes das Olimpíadas. Receberá 82 mil reais pelo trabalho, que deve se estender pelo ano inteiro.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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