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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2016

esquina

A tocha do mundo é nossa

A chama olímpica no sul do país

Roberto Kaz | Edição 119, Agosto 2016

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O primeiro sinal de que ela está se aproximando é a chegada de quatro caminhões barulhentos, que tocam jingles e anunciam os patrocinadores. “Bom dia, Curitiba!”, grita o animador, da caçamba de um deles, enquanto um grupo distribui viseiras, balões e refrigerantes. Um senhor na calçada comenta, desgostoso: “E a molecada não tem merenda…” Uma mulher faz coro: “Não tem merenda, não tem droga nenhuma, mas tem essa tocha.”

Às dez e meia da manhã de uma quinta-feira, 14 de julho, a tocha olímpica já havia deixado Joinville, em Santa Catarina, e encarado duas horas de estrada até São José dos Pinhais, no Paraná. Curitiba é a terceira cidade na rota sulina do dia – e a 236ª desde que a chama começou a excursionar pelo Brasil, dois meses antes, em celebração à Olimpíada do Rio.

Embora a tradição do fogo olímpico remonte à Grécia de quase 3 mil anos atrás, foi em 1936 – quando se realizaram os Jogos de Berlim – que ela assumiu um caráter, por assim dizer, itinerante. A partir de então, a cada quatro anos, um grupo de mulheres vestidas de túnicas brancas acende uma nova chama nas ruínas do templo grego de Hera, em Olímpia. A seguir, num ritual que transforma espírito esportivo em marketing, o fogo é levado, em tochas, à cidade-sede dos Jogos.

 

Para vir ao Brasil, a chama foi alocada em quatro lampiões, que viajaram acesos, em poltronas da classe econômica, escoltados por agentes da Força Nacional. Uma vez no país, um desses lampiões deu vida à primeira tocha – que, 200 metros depois, acendeu a segunda; que, 200 metros adiante, acendeu a terceira… Iniciava-se, assim, o revezamento de 12 mil tochas ao longo de 327 cidades.

No trajeto, inaugurado por Dilma Rousseff em Brasília, a tocha olímpica passou pelas mãos de atletas, artistas, empresários, jornalistas, índios, cadeirantes, aposentados e toda sorte de gente escolhida pelos patrocinadores. Protagonizou momentos bonitos, como em Caruaru, conduzida ao som de um coro cantando Luiz Gonzaga, e temerários, como em Manaus, ocasionando a morte de uma onça-pintada (o animal foi abatido ao fugir após ter sido forçado a posar para fotos). Também houve várias ocasiões em que correu o risco de ser apagada. Em Maracaju, Mato Grosso do Sul, enfrentou a ira de um homem com seu balde d’água (preso, ele precisou pagar fiança de 1 mil reais para responder em liberdade). Em Joinville, um extintor  de incêndio foi a arma utilizada.

 

Às 11 horas, a tocha chega à rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. Além dos caminhões dos patrocinadores, o comboio inclui três ambulâncias, dois camburões do Bope e um sem-número de viaturas e motos da Polícia Rodoviária Federal. Passa em frente ao Sindicato dos Empregados e ao Teatro Guaíra, onde um grupo de meninas dança sobre um pequeno palco. Depois, faz uma breve pausa diante da Universidade Federal do Paraná. Enquanto o prefeito Gustavo Fruet discursa, um garoto grita: “Golpista! Fora Temer!” Um homem responde em tom ufanista: “Viva a Olimpíada!”

 

O fogo segue pela rua Marechal Deodoro, protegido por cinco agentes da Força Nacional de cada lado. Cozinheiros, bancários e farmacêuticos deixam o serviço para filmar e tirar fotos. Uma dupla aproveita a ocasião para protestar, por meio de uma faixa: “Ministro, sua responsabilidade é melhorar o SUS, não destruir o nosso sistema.”

Por volta de 11h15, a tocha aporta num palco montado em frente a uma agência bancária. Dois diretores discursam, lembrando que patrocinar o evento é “uma emoção indescritível para o banco”. Ao lado deles, um locutor instiga o público a repetir o slogan da empresa. Até o fim do dia, a chama ainda passará pela catedral (onde será saudada com o bater dos sinos), pelo Jardim Botânico (onde uma mulher gritará “Viva o Brasil!”) e pela Pedreira Paulo Leminski (onde acenderá uma pira simbólica, antes de voltar ao lampião em que costuma pernoitar). Para desgosto – ou sorte – da elite política e empresarial presa na Operação Lava Jato, o trajeto não inclui a carceragem da Polícia Federal nem o Complexo Médico-Penal (o que não impede que haja faixas em homenagem ao juiz Sérgio Moro aqui e acolá).

 

Às três da tarde, um grupo de vinte pessoas, todas vestidas de branco, se reúne numa escola pública para receber instruções de como se portar quando em posse da tocha. A aula, breve, é ministrada por Leonardo Nunes, um rapaz simpático de 23 anos que integra o comitê do revezamento. “Quero dizer que o sonho de vocês agora virou realidade e que finalmente vocês são condutores da tocha”, anuncia, para júbilo geral. “No dia 5 de agosto, quando a pira olímpica for acesa no Rio, vocês vão ter aquele sentimento de pertencimento.”

 

Nunes pergunta se alguém sabe o nome “das três empresas essenciais” para a chegada da tocha a Curitiba. Uma mulher responde de pronto. “Palmas para ela!”, exclama e, em seguida, detalha o protocolo. “Fiquem onde o ônibus deixar vocês e não entreguem a tocha a ninguém. Vocês vão esperar uns cinco minutos até o condutor anterior chegar. O beijo das duas tochas tem que ser feito com a logo da Rio 2016 voltado para a frente, para poder ser visto. Quando acabar, vocês serão colocados em outro ônibus, na parte de trás do comboio. Não podem dar entrevista.”

O grupo segue, então, para o primeiro ônibus e Nunes pede que cada um se apresente. Rodrigo conta ter sido escolhido por ensinar design a cegos. “Ensino com amor, e o amor é como o fogo da tocha, que se compartilha”, perora. Vanessa diz ter sido indicada pela filha. “Dou aula de educação física na rede pública. Vou contar para as crianças e plantar essa sementinha”, promete, orgulhosa.

Há ex-atletas, como Heraldo Palmieri, que jogou no Santos de Pelé, ou Joycenara Batista, que integrou a equipe de basquete nos Jogos de Barcelona. “Recebi o convite do Comitê Olímpico do Brasil e, junto, a notícia de que teria de pagar pela tocha, como todo mundo aqui”, ela explica. “Mas meus amigos e minha família se juntaram para me dar de presente” (o objeto custa 2 mil reais). Estão lá também atletas tardios, como Irena, uma senhora de 72 anos que começou a correr aos 58, e Fabio, funcionário de uma companhia de telefonia. “Eu era alcoólatra”, ele revela, começando a chorar. “O pessoal da empresa me homenageou, porque meu vício hoje é a corrida.”

Às cinco da tarde surgem os primeiros batedores. Nunes se empolga: “Tá chegando, gente!” O ônibus começa a andar, tomando a frente do comboio. “Vanessa, você é a primeira”, ele avisa. A professora desce, com a tocha apagada, e logo é cercada por uma massa de curiosos. De dentro do ônibus, o resto do grupo grita: “Va-nes-sa! Va-nes-sa!”

Roberto Kaz
Roberto Kaz

É jornalista e redator do Piauí Herald. É autor do Livro dos Bichos, pela Companhia das Letras

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