ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2016
O voo de Pandora
Eletricista, encanador e falcoeiro
Julio Lamas | Edição 119, Agosto 2016
“Seu frango é diferente mesmo, cara”, comentou um morador de rua ao avistar a exuberante ave de rapina que Carlos Alberto dos Reis trazia presa no braço. Era Pandora, uma fêmea de gavião-asa-de-telha. Com quase meio metro de altura, plumagem castanho-avermelhada, bico afiado e olhar ameaçador, o bicho virou o centro das atenções na praça Roosevelt, em São Paulo. “Onde você pegou?”, indagou um rapaz. “Ela não devia estar solta?”, questionou uma senhora. “Posso colocar em cima da prancha e tirar uma foto?”, pediu um skatista.
Encanador e eletricista, Reis tem o hábito de levar Pandora, seu animal de estimação, para o batente. Chega a sair de casa uma hora antes dos compromissos, já prevendo os pedidos de selfies que receberá pelas ruas e atenderá com paciência monástica. “É um Parabuteo unicinctus”, esclareceu para uma moça que lhe perguntou o nome científico da ave. “Ainda está sendo treinada, mas voa muito bem. Não se preocupe que ela não bica”, tranquilizou, enquanto a jovem arriscava uma carícia no dorso do bicho.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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