Um mestre do estilo mongo-ginasiano
Quadrinhos de um exímio rabiscador de caneta esferográfica
Andrício de Souza e Laerte Coutinho | Edição 127, Abril 2017
A primeira impressão que se tem ao olhar para um desenho de Andrício de Souza é de que ele desenha mal. Muito mal. A caneta esferográfica, usada em todo o seu “esplendor” cromático (ou seja, nas cores azul, vermelho e preto), o faz parecer um rabiscador de caderno de escola. É meia verdade: Andrício é um exímio rabiscador de caderno de escola.
Conheci seus desenhos dois anos atrás, pela internet. Fiquei fascinada com o traço e o humor, tão finos quanto sacrílegos. Andrício parece se basear em fotografias para desenhar, mas as manipula a ponto de transformar imagens realistas em caricaturas, em algo como um meme permanente.
De certa forma, o desenho de Andrício me remete a Rita Lee, que se refere ao próprio estilo de texto tuitado como “mongo-ginasiano”. Acredito que Andrício faça parte da mesma vertente – e, num mundo tão repleto de imagens realistas, um desenho aparentemente tosco é na verdade algo muito sofisticado.
Cartunista e roteirista, publicou o livro de quadrinhos O Intestino Eloquente (Espirro)
Laerte Coutinho é autora de quadrinhos e cartuns. Publica diariamente na Folha de S.Paulo
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