Odete Roitman é a nova porta-voz da redação
| Edição 129, Junho 2017
INFÂNCIA TRANS
O repórter Roberto Kaz, em “Retrato de uma menina” (piauí_128, maio), ao levantar a questão dos dramas enfrentados pelos transgêneros e seus familiares, acompanha a trajetória da jovem Melissa, atualmente com 11 anos e que até o ano passado era o garoto Miguel. Ao fazer o relato preciso do problema enfrentado pelos pais, suas dúvidas e, finalmente, o importante apoio conseguido no Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas, presta um serviço inestimável à sociedade para que possamos compreender melhor essa complexidade da natureza – no caso da Mel, uma menina que nasce com o corpo de menino e vive um angustiante conflito de identidade até que possa ser reconhecida socialmente como mulher. E, pela fotografia, uma garota linda, que apesar de ter sido prejudicada em sua infância como menina, finalmente encontrou a merecida felicidade, juntamente com seus sofridos pais.
DIRCEU LUIZ NATAL_RIO DE JANEIRO/RJ
“Retrato de uma menina” soma-se ao “Diário de uma adoção” (piauí_105, junho 2015), “Cleo está presente” (piauí_108, setembro 2015) e “Cenas de um casamento” (piauí_115, abril 2016), mostrando pessoas normais. Como a natureza é diversa, é preciso respeitar as pessoas apenas por serem pessoas e parar de usar o Leito de Procusto.
DJALMA ROSA_SÃO SIMÃO/SP
Roberto Kaz está de PARABÉNS pela reportagem na última edição.
Primeiramente, devo dizer que tratou do tema com maestria, SENSIBILIDADE, carinho e, por que não dizer, muito amor. Isto faz uma reportagem sobressair. Duvido que alguém que leia este trabalho não vá pensar o mesmo. Lógico que essa pessoa deve ter também SENSIBILIDADE, CARINHO e AMOR para “ler” seu trabalho.
Com relação à MAESTRIA, vejo um domínio perfeito da LINGUAGEM, do uso do texto e da intercalação das falas das pessoas. No tempo certo, na hora certa e com a qualidade certa ao comentar as falas, ou seja, colocar o seu texto entre os textos dos participantes das entrevistas. É de se louvar a foto e a direção de fotografia. Ficou maravilhosa. Agora é preciso dizer que todos ajudaram para que esta reportagem ficasse nota 10. A mãe é maravilhosa. O pai foi maravilhoso – apesar do machismo idiota –, depois da ajuda sensível da mãe. E a menina. A menina fala frases que não se esperam de uma criança nesta idade e, ao mesmo tempo, frases ótimas de criança mesmo. “Por isso devemos assumir quem somos, e quem, e o que nos faz realmente feliz.”
JAIME MOREIRA FILHO_HORTOLÂNDIA/SP
NOTA DA REDAÇÃO: Jaime, ficamos todos sensibilizados com suas palavras. Mas com tantas maiúsculas e elogios superlativos você nos criou um problema: o bom Roberto Kaz exige agora que seu salário seja pago em euros, diretamente em sua conta secreta na Suíça.
ESTREIA EM TRANSE
Se o debate sobre Terra em Transe no MIS (“Massacre em maio”, piauí_128, maio) tivesse ocorrido recentemente e não em 1967, o jornalista Fernando Gabeira estaria igualmente confortável para dizer que não entendeu o filme. Como redator do Jornal do Brasil ou repórter da Globo tinha, e tem hoje, interesses a defender.
Tenho todas as edições da piauí, inclusive aquelas revistas iguais com capas diferentes. (Muito espertos vocês. Fanáticos como eu os ajudaram a engordar os cofres, pois como assinante recebi apenas uma delas, tendo comprado a outra na banca.)
Apesar de eventualmente ver matérias já editadas na New Yorker e outras revistas, continuo considerando a piauí essencial.
JOSÉ DIEGUEZ_SÃO CARLOS/SP
NOTA VENAL DA REDAÇÃO: Prezado José, nosso Departamento de Operações Estruturadas recomenda que a partir da próxima edição piauí vá às bancas com cinco capas diferentes, para melhor satisfazê-lo. Agradecemos de antemão sua lealdade.
O FALSO EREMITA
Obrigado à Natália Portinari pelo excelente artigo sobre Thomas Pynchon, escritor que aprendi a amar quando, nos anos 70 e início dos anos 80, eu residia em Nova York, e onde, em dias de depressão, fui um ioiô humano, como Ben Profane, pegando o shuttle de Times Square a Grand Central and back…
JOSÉ GUYER_SÃO PAULO/SP
Excelente a matéria sobre o falso eremita Thomas Pynchon. O arremate final é genial e deve servir para rir do exagero de seu séquito de admiradores. Exagero endeusar tanto assim uma pessoa. Os Shakespeares da centúria também devem curtir artes populares. Muitos grandes escritores optam pelo anonimato para não serem tragados pela vida de celebrities, o que tomaria todo o seu tempo. Vide nossos grandes Dalton Trevisan e Rubem Fonseca. Mas Pynchon é gênio! Embora só tenha realmente lido O Leilão do Lote 49, sempre leio enormes trechos de suas mastodônticas obras. Natália Portinari fez uma grande reportagem.
GERALDO MAGELA MAIA_BELO HORIZONTE/MG
A interlocução minha com a piauí é constante, mas não sei se esta missiva convence, uma vez que difusa e desconexa parece. A crise de leitura de Geoff Dyer (“Déficit de atenção”, piauí_128, maio) serviu-me como um guia para os livros que ainda devo ler. Se suprimos, com isso, nossas lacunas psicológicas, nem precisa agradecer! E conectado está o texto de Natália Portinari (“O falso eremita”), no qual, paradoxalmente, reconheço que desconhecia Thomas Pynchon, o Euclides da Cunha deles, dada a semelhança do camoniano verso “engenho e arte” aplicado ao mister de escrever. Lá, claro, a base é a sociedade vivida para escrever uma ficção de alma profunda com os ares técnicos e científicos; aqui, a base é a sociedade, aquela que é um forte, para plasmar uma obra de fôlego, de alma desprezada até hoje, mas escrita pelo engenheiro. Natália Portinari quis provar que o Pynchon não está em reclusão e o ensaio enseja esses meus devaneios. A formação em exatas para escrever o melhor texto de humanidades sensibiliza-me. Imito-o, pois.
ADILSON ROBERTO GONÇALVES_CAMPINAS/SP
NOTA INTRIGADA DA REDAÇÃO: Prezado Adilson, pesquisamos no departamento de semiótica da PUC e, para nossa grande surpresa, não encontramos nenhuma tese sobre a sinergia intertextual-mallarmaica entre Euclides da Cunha e Thomas Pynchon. Mãos à obra! O missivista é antes de tudo um forte!
RICOS NA TOCA
Tive que ler o texto de Evan Osnos (“É o fim do mundo”, piauí_127, abril) duas vezes. Mas não foi por conta de qualquer problema na escrita do autor ou no ótimo trabalho da tradutora, ou da minha lerdeza de gravidez avançada, e sim porque eu não estava conseguindo de jeito nenhum engolir os argumentos dos “sobrevivencialistas” e fiquei oscilando entre pensar que o artigo todo estava sendo irônico e tirando onda dessa gente para, no parágrafo seguinte, ter certeza que eles estavam falando muito sério, e que o autor os estava levando muito a sério.
Acredito que desde sempre o imaginário foi povoado por narrativas sobre utopias e distopias futuras, tantas que é possível adaptá-las ao gosto do freguês. Desde a Xangrilá harmoniosa da Era de Aquário até Blade Runner e todas as suas derivações, passando, mais recentemente, pelo foco na ação danosa do homem sobre o planeta (sendo o filme Interestelar um bom exemplo das consequências). Mas a impressão que sempre tive sobre esse povo que constrói bunker, que armazena água e comida, que aprende a atirar, caçar ou lutar para poder sobreviver se necessário era “tem doido pra tudo”. Tem até quem se prepare minuciosamente para quando chegar o dia de uma epidemia zumbi.
Mas ler os relatos e as justificativas apontadas no texto para esse tipo de comportamento me fez pensar que, ao contrário dos antigos bilionários, como os Rockefeller e Carnegie da vida, que pelo menos pareciam empenhados em usar seu dinheiro pra provocar algum tipo de mudança social – nem que no fundo isso fosse pelos motivos mais egoís-tas possíveis, como evitar erupções sociais e criar mais consumidores –, esses brogrammers, com pouquíssimas exceções, estão tão focados no “salve-se quem puder” que parecem não fazer nenhum esforço para perceber o quanto algum tipo de ação direta da parte deles poderia amenizar ou até reverter situações que parecem perdidas, e realmente “tornar o mundo um lugar melhor”, como eles adoram encher a boca para falar.
Só que o que se acaba tendo é um tipo de mentalidade tão predatória e oportunista que não percebe que mesmo um bunker isolado na Nova Zelândia não é garantia de nada – e eu sugeriria a eles a leitura de Vozes de Tchernóbil, que teve um trecho publicado aqui também, na piauí_114, de março de 2016. Se chegarmos ao ponto de ruptura no qual os países se jogarão mísseis nucleares uns nos outros, não é uma ilha no Pacífico ou um bunker de quinze andares trancado por cinco anos que vai fazer diferença – vide a capacidade da radiação de se deslocar, de se espalhar e de permanecer num lugar para sempre.
Agora, se o medo deles é mais de convulsão social – causada, quem diria, pelos extremos da desigualdade – do que de um apocalipse nuclear, só tem uma palavra para descrevê-los: covardes. Poderia dizer que entrariam para a história como tais, mas é óbvio que se chegarmos nesse ponto é porque não há mais história. Mas como estou com uma filha para nascer, preciso prezar pelo otimismo, e então torço para que essa “moda” seja passageira e que voltemos a rir dela muito em breve.
NICOLE REIS_BRASÍLIA/DF
BOI NA LINHA
Em 2015 passei por momentos difíceis na família e não consegui ler todas as piauís que recebi. E como outras mais recentes foram chegando, algumas edições antigas ficaram lá, no revisteiro, aguardando seu momento. Por isso apenas hoje, depois dos acontecimentos dessa semana emocionante, li a fabulosa reportagem “O estouro da boiada” (piauí_101, fevereiro 2015), de Consuelo Dieguez.
Impressionei-me por ver que a revista é de 2015. Ou melhor, não me impressionei tanto. É a piauí, afinal. Não é a primeira vez que a revista dá provas de seus dons premonitórios.
Na mesma edição, não bastasse a matéria visionária, há ainda um artigo de Fernando de Barros e Silva sobre o isolamento de Dilma Rousseff dentro do seu recém-anunciado ministério (“Dilma já! Mas onde?”). Uma edição que vale a pena guardar para a posteridade. No mesmo artigo de Barros e Silva, lê-se esta máxima: “Na política brasileira tudo se cria, tudo se perde e nada se transforma.”
Só queria agradecer. Assinar a piauí é um investimento que faço desde 2011. É meu voto de confiança no jornalismo brasileiro. Pelo menos um voto que continua valendo a pena neste país…
ELIZABETH PONTE_SALVADOR/BA
CARTAS
Desisti de ter um comentário publicado na Veja, então estou tentando a piauí. Sou assinante há muito tempo – uns quatro meses – e estou adorando a revista. Apesar de se chamar piauí, ela é realmente muito boa e rica em conteúdo. Parabenizo a todos os piauienses, mas deixo uma congratulação especial ao Departamento de Resposta às Cartas dos Leitores (DRCL/PIAUÍ), pois dou mais risada que político recebendo propina quando um leitor melindroso é sacaneado por vocês. Quem é o chefe desse setor… o Deadpool?
MÁRIO LOURENÇO EVANGELISTA JÚNIOR_LONDRINA/PR
NOTA DO DRCL: Mário, Mário. Publicar carta engraçadinha nessa tal piauí é fácil. Agora eu quero ver se você consegue publicar na Tititi, na Men’s Health e na Cabelos&Cia. Atenciosamente, Odete Roitman.
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