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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2017

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Profano e sagrado

O prefeito contra o funk na Rocinha

Paula Scarpin | Edição 131, Agosto 2017

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Em dia de baile funk, dona Juberlita Maria do Carmo não costuma sair de casa antes das dez. A música só começa à meia-noite, e uma hora é mais do que suficiente para deixar o banheiro brilhando. No sábado, 22 de julho, no entanto, ela se voluntariou para pegar no batente doze horas mais cedo. Às 10 horas da manhã, montou guarda na porta do clube Emoções da Rocinha, onde trabalha há quase uma década. De prancheta em punho, abordou cada transeunte que subia ou descia a Estrada da Gávea na altura do largo do Boiadeiro, no Rio de Janeiro. Colhia assinaturas para tentar reverter o decreto do prefeito Marcelo Crivella de desapropriação do imóvel para a construção de casas populares. “Com tanto lugar pra construir casa, tem que ser bem aqui onde o povo se diverte?”, questionou. “Conta outra.”

Quase todos os passantes acabavam endossando o abaixo-assinado; fosse por serem frequentadores da casa noturna, fosse por simpatia à senhorinha, que mora há mais de seis décadas no bairro. Uma conhecida, porém, se negou a assinar a petição. “Me desculpe, mas eu sou a favor de que fechem”, disse a mulher, se esquivando num misto de timidez e pressa. A recusa, para Carmo, teve efeito de revelação. A vizinha era habituée do imóvel ao lado: a Igreja Universal do Reino de Deus, da qual Crivella é bispo licenciado. Para a faxineira do clube, as motivações do político eram claras. “Acho que o prefeito está misturando religião com governo.”

Não é a primeira vez que Crivella é acusado de proteger os interesses da Universal no exercício de sua função pública. Logo após tomar posse, no Carnaval deste ano, o prefeito pulou a tradição de entregar a chave da cidade para o Rei Momo, e preferiu passar o feriado longe do Rio. Mais recentemente, declarou que cortaria pela metade o subsídio para as escolas de samba. Como nos casos anteriores, a prefeitura negou que a desapropriação do Emoções tivesse qualquer inspiração religiosa ou ideológica. À demanda da reportagem, a Secretaria de Habitação respondeu que a administração pretende construir no local um condomínio do programa Minha Casa Minha Vida; e a Secretaria de Cultura disse que não comentaria o fechamento de um estabelecimento privado.

 

Para Leonardo Pereira Mota, fundador da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk, não há dúvida de que o decreto é mais uma medida persecutória aos bailes. Mais conhecido pelo nome artístico de MC Leonardo, ele compôs funks famosos como o Rap das Armas, aquele do “Para-papapá-papapapá-papá”. Noutro sucesso, Endereços dos Bailes, ele enumera várias casas que abriam suas portas para o funk. “O Emoções era a única delas que ainda estava funcionando”, lamentou numa entrevista telefônica. Morador da Rocinha, o MC listou quatro festas que, só no último mês, foram proibidas pela polícia na comunidade: Badalo, Rua 1, Via Ápia e Roupa Suja. “A diferença é que todas elas eram festas feitas na rua”, afirmou. “É muito mais sério fechar uma casa com escritura, alvará e tudo.”

 

Ao passar em casa para descansar um pouco antes do baile, dona Juberlita do Carmo ainda teve que ouvir a neta Larissa Maria dos Santos. “Não te falei?” Na eleição municipal do ano passado, Santos impedira a avó de votar em Crivella para a prefeitura. Entusiasta de Marcelo Freixo, a neta lembrou a sexagenária de quando as duas procuraram a Igreja Universal, há quatro anos. A filha de Carmo tinha um grave caso de tuberculose e estava desenganada pelos médicos quando a dupla resolveu apelar para o culto que prometia milagres. “O pastor me mandou vender tudo o que eu tinha e doar para Deus, para salvar minha filha”, lembrou a senhora. Na saída da igreja, a neta, ainda criança, se desesperou com a possibilidade de a avó vender a casinha em que elas moram até hoje. “Imagina que eu ia fazer isso”, desdenhou Carmo.

Quando Carmo chegou à Rocinha vinda da Paraíba, aos 4 anos, a quadra em que fica o Emoções e a Universal ainda era mato. Ela conheceu o fundador do clube muito antes de ele inaugurar a casa – inicialmente voltada para o forró –, em 1988. Viu o filho dele, Wagner Dias Beta, crescer e assumir a administração quando o pai morreu, em 1994. Acompanhou a modernização e a diversificação do Emoções, e assistiu a shows de artistas como Claudinho & Buchecha e a Banda Calypso. “Todos antes de fazer sucesso, porque depois já não cabe mais aqui dentro”, explicou. Disse que “não gosta nem desgosta de funk”, mas trabalha feliz de verdade quando tem show de pagode e ela pode dar uma espiada entre uma limpeza e outra no banheiro.

 

Além dos shows e bailes animados por DJs, Wagner Dias Beta organiza feiras de roupas e artesanato durante o dia nos fins de semana, e aluga o espaço para eventos, de festas a comícios de políticos. “O próprio Crivella já subiu em palanque no Emoções em 2004, quando foi candidato a prefeito pela primeira vez”, contou por telefone.

Beta já recebeu várias propostas de venda do imóvel para supermercados, estacionamentos e até para a própria Igreja Universal. “Não me interessa vender, minha vida é o Emoções. Cresci na Rocinha, gosto de estar aqui todo fim de semana”, disse o empresário, que hoje mora na Barra da Tijuca. Beta soube do decreto do prefeito por uma repórter do jornal Extra que queria repercutir a notinha do Diário Oficial do município, publicada em 19 de junho.

No último mês, o empresário não tomou providências para reverter o decreto oficial. Como ainda não recebeu um comunicado formal, tem mantido o funcionamento da casa como se nada tivesse acontecido. Foi uma frequentadora que, pelo Facebook, deu a ideia de um abaixo-assinado. Até a hora do baile, dona Juberlita do Carmo conseguira preencher dezessete folhas de assinaturas. “Ainda não contei quantas foram”, disse. “Mas agora no baile é que a gente vai conseguir mais.” Postada à frente do banheiro, a faxineira passava a prancheta a cada menina de shortinho e salto meia-pata que ia se aliviar. Às duas da manhã, a fila do banheiro feminino só não estava maior que a do lado de fora do Emoções.

 
Paula Scarpin
Paula Scarpin

Foi repórter da revista por doze anos, e fundou a rádio piauí. É diretora de criação da Rádio Novelo.

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