Seis dias em Ouricuri CO
Eduardo Coutinho – ontem no MIS
No depoimento dado ontem no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, além do habitual retrospecto biográfico, Eduardo Coutinho contou o impacto que sentiu ao voltar para o Nordeste, nos anos de 1970, trabalhando para o Globo Repórter, e começou a conversar com as pessoas. Sentiu “que era um prazer enorme falar da fome”. Teria percebido, nesse momento, “que devia ter feito documentários desde criança”. Descoberta tardia, feita depois de cerca de quinze anos de carreira, iniciada com o registro documental da UNE volante, em 1962, mas de resto dedicada à ficção.
No depoimento dado ontem no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, além do habitual retrospecto biográfico, Eduardo Coutinho contou o impacto que sentiu ao voltar para o Nordeste, nos anos de 1970, trabalhando para o Globo Repórter, e começou a conversar com as pessoas. Sentiu “que era um prazer enorme falar da fome”. Teria percebido, nesse momento, “que devia ter feito documentários desde criança”. Descoberta tardia, feita depois de cerca de quinze anos de carreira, iniciada com o registro documental da UNE volante, em 1962, mas de resto dedicada à ficção.
Coutinho revelou que chorar foi uma das suas táticas para conseguir o que queria ao longo da vida. Foi o choro que levou Armando Nogueira a reconsiderar a decisão de cortar (1976) e autorizar a veiculação na íntegra, rompendo o limite imposto de 10’ por assunto que existia no Globo Repórter. Outra barreira rompida foi o plano de 3’ em Theodorico, Imperador do sertão (1978), impensável para o padrão de planos curtos, dificilmente acima de 30”.
Não tratar ninguém como coitadinho, narrar ele mesmo, recusar melodia na trilha musical, poder gravar depoimentos sem interrupção a cada 10’, foram algumas de muitas conquistas feitas nos anos seguintes.
Mas depois de ter renascido em 1984 ao concluir Cabra marcado para morrer, em 1997 sentiu que estava “morrendo de novo, por falta de coragem”. “O Cabra todo mundo esperava, era um filme previsível”, declarou. E só poderia renascer de novo se fizesse o que “ninguém quer ou pode fazer”. Foi isso que o entusiasmou: “fazer um filme que ninguém pode fazer”. E graças a um “déspota esclarecido”, José Carlos Avellar, teve a coragem de fazer Santo forte (1999), inaugurando nova etapa de consagração na sua carreira, além de provar a alguns amigos que rejeitavam o filme (entre os quais eu), que ele é que estava certo.
O depoimento de ontem durou quase 4 horas e estará disponível para consulta no MIS.
Coutinho não para de nos surpreender. Hoje (26/4) estará no CINUSP, em São Paulo, para debater “as relações entre a História e o seu registro audiovisual”, assunto que nunca o interessou. Já tendo aprendido, porém, a lição de que ele costuma ter razão, deve haver uma explicação para essa aparentemente misteriosa ida à USP.
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