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Serpentes no octógono
O Núcleo Serra Grande, serpentário de surucucus criado e mantido pelo médico cirurgião Rodrigo Souza na região de Itacaré, no sul da Bahia, acaba de ganhar novas instalações. Souza decidiu cercar com tela uma área aberta na qual ele costuma administrar medicamentos às cobras e fazer testes de sexagem dos animais. Curiosamente, o espaço delimitado tem a forma de um octógono, como o ringue das lutas de MMA.
O Núcleo Serra Grande, serpentário de surucucus criado e mantido pelo médico cirurgião Rodrigo Souza na região de Itacaré, no sul da Bahia, acaba de ganhar novas instalações. Souza decidiu cercar com tela uma área aberta na qual ele costuma administrar medicamentos às cobras e fazer testes de sexagem dos animais. Curiosamente, o espaço delimitado tem a forma de um octógono, como o ringue das lutas de MMA.
Quando soube da novidade pelo blog do Núcleo Serra Grande, pedi mais detalhes a Souza. Por e-mail, ele explicou que as novas instalações pretendem aumentar a segurança do serpentário. “A intenção com o octógono é 1) eu não ser encurralado; 2) manter visitantes seguros; 3) limitar a movimentação do animal, que por vezes empreende uma fuga doida, difícil de parar.”
Foi no espaço que agora está cercado que Souza por pouco não tomou um bote no rosto de uma surucucu do seu plantel no ano passado – o episódio foi relatado na reportagem “Cobra criada”, na 83 (disponível para assinantes).
Esta semana, o serpentário de Souza também foi tema de um post do blog Reflexões ambientais, mantido no site do Estadão por Dener Giovanini, coordenador da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. Ele conta que segue sem definição a questão da regularização do Núcleo Serra Grande pelo Ibama, uma novela que se arrasta há dez anos.
Em maio do ano passado, conversei com a bióloga Maria Izabel Gomes, coordenadora-geral de fauna do Ibama. Na ocasião, ela disse que estava prevista para o mês seguinte uma definição do órgão para o caso do Núcleo Serra Grande e de vários outros serpentários que aguardam regularização. Até agora, nada.
Giovanini foi muito duro com o órgão em seu post:
O que o Ibama promove é exatamente o oposto da sua missão: talvez esteja ajudando a exterminar a única chance de sobrevivência da surucucu-pico-de jaca (Lachesis muta) na Mata Atlântica. Está jogando no lixo anos de conhecimento científico que poderiam ajudar a salvar milhares de vidas humanas. O Ibama — sustentado por uma legislação ambiental decadente e por um governo que se mostra a cada dia menos qualificado para lidar com a fauna brasileira — vai, por burrice, omissão ou perseguição, dando a sua contribuição para que o Brasil fique cada vez mais atrasado na conservação da diversidade biológica. Vai, por meio da sua inoperância e burocracia jurássica, desestimulando a pesquisa e o trabalho daqueles que se propõem a fazer o que os órgãos públicos não fazem.
Leia o resto do post no blog Reflexões ambientais.
Foto: Rodrigo Souza.
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