minha conta a revista fazer logout faça seu login assinaturas a revista
piauí jogos

Especial

Os 43 que faltam (extras)

No final de novembro, a repórter Carol Pires e a fotógrafa Lívia Radwanski foram a Ayotzinapa e por três dias conversaram com sobreviventes da tragédia e outros estudantes. Muitos pais estão morando na escola, à espera de notícias dos filhos. Eles passam o dia todo sentados na quadra esportiva, onde foram colocadas 43 cadeiras com a fotos dos normalistas que há mais de 100 dias seguem desaparecidos.

| 09 jan 2015_11h38
A+ A- A

No dia 26 de setembro de 2014, os calouros da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, do povoado mexicano de Ayotzinapa (estado de Guerrero), foram atacados por policiais enquanto saíam da rodoviária de uma cidade próxima, Iguala. Três estudantes morreram, um está em coma até hoje e 43 desapareceram. As investigações da Procuradoria-Geral do México apontam que o crime foi ordenado pelo prefeito e a primeira-dama da cidade, ligados ao cartel Guerreros Unidos. Os dois estão presos.

A Escola Normal de Ayotzinapa ficou famosa por ter formado Lúcio Cabañas, principal líder guerrilheiro na década de 60. Uma das 17 escolas normais rurais espalhadas pelo México, ela continua reconhecida por sua orientação política de esquerda. Os alunos, em sua maioria filhos de camponeses pobres, estudam em regime de internato.

No final de novembro, a repórter Carol Pires e a fotógrafa Lívia Radwanski foram a Ayotzinapa e por três dias conversaram com sobreviventes da tragédia e outros estudantes. Muitos pais estão morando na escola, à espera de notícias dos filhos. Eles passam o dia todo sentados na quadra esportiva, onde foram colocadas 43 cadeiras com a fotos dos normalistas que há mais de 100 dias seguem desaparecidos.

A piauí_100, que está nas bancas, traz ao relato completo na reportagem Os 43 que faltam. Assinantes tém acesso ao texto aqui

Clique nas imagens para ampliá-las

Damián Arnulfo não fala espanhol, só mixteco. Sem entender o que se comenta a seu redor, vive na Escola Normal de Ayotzinapa, à espera de notícias do filho, Felipe, um dos 43 estudantes desaparecidos em Iguala.

Oito dias antes de desaparecer, Felipe visitou a prima, Catalina Madero. Ele contou que a rotina na Escola Normal era pesada, mas que ele suportaria para poder estudar. À espera de notícias, Catalina encontrou na mochila do primo as tortilhas que ela lhe havia preparado para compartilhar com os demais alunos.

Na escola de Ayotzinapa, os normalistas não só aprendem pedagogia como recebem formação política. Das 36 escolas normais rurais que já existiram, hoje restam apenas 17. Por serem poucas, são muito unidas.

Roberto Callo, 72 anos, graduou-se em Ayotzinapa em 1964, um ano depois do estudante mais conhecido da escola, o guerrilheiro Lucio Cabañas, fundador do Partido de los Pobres. Callo voltou à escola após a tragédia, para uma reunião política de ex-alunos.

Sergio Bastian Memije, de 21 anos, do 2º ano do magistério, é da Casa do Ativista, grupo de estudo de alunos interessados em política. Ele sonha em ser arqueólogo ou historiador.

A cada ano, 500 candidatos fazem uma prova e passam uma semana em regime de quartel. A escola atende filhos de camponeses em busca de uma formação melhor que a de seus pais. Em Ayotzinapa, eles plantam alimentos, criam animais e cultivam flores.

Interessado por comunicação, Benito Juárez Saldaña – cujo nome homenageia o primeiro presidente mexicano de origem indígena, no século XIX – comanda a rádio comunitária “Voces Nuestras, Voz de Todxs”.

Ezequiel Mora, viúvo de 63 anos, criou as crianças com o dinheiro do cultivo de milho, hibisco, abóbora e feijão. Seu filho Alexander foi identificado através de teste de DNA efetuado em fragmentos de ossos recolhidos no lixão de Cocula, cidade vizinha a Iguala, onde os estudantes foram atacados.

Outrora um viveiro de guerrilheiros de esquerda, hoje a escola de Ayotzinapa é defendida por policiais comunitários camponeses (autodefensas).

Uriel Alonso Solís, de 19 anos, sobreviveu ao ataque em Iguala: “A gente ficou morto em vida”.

Confira o portfolio completo aqui

Veja também o teaser da reportagem

Assine nossa newsletter

Toda sexta-feira enviaremos uma seleção de conteúdos em destaque na piauí