Pressões pró-Caetano forçam saída de Caetano do Segundo Caderno
RIO DE JANEIRO, HAIA – “Não foi isso que aprendemos na faculdade”, disse uma voz cansada do outro lado do telefone. O sentimento, externado numa ligação anônima por alguém que se identificou apenas como “um simples repórter tentando fazer o seu trabalho”, refletia a opinião generalizada da redação do suplemento Segundo Caderno, de o Globo. “Não é possível fazer um jornal sem cobrir regularmente Caetano Veloso. Não é à toa que a gente tem pelo menos três cadeiras obrigatórias de Caetano Veloso no curso de comunicação. Eu mesmo me decidi pela carreira no meio de ‘Fundamentos da Entrevista com Caetano Veloso 1’. Mal sabia o que me esperava…” O repórter se referia à proibição de cobrir o cantor baiano imposta pelo ex-editor do caderno, Artur Xéxeo. Todos os dias, os repórteres se reuniam numa sala onde eram forçados a confessar serem adictos de Veloso. “Era um horror”, contou alguém que deixou o jornal depois de dois meses e hoje cobre regularmente o cantor baiano para um jornal paulista, “ele nos obrigava a ficar de pé, dizer o nome em voz alta e confessar: ‘Estou há tantos dias sem sugerir uma pauta sobre Caetano Veloso. É só por hoje. ’” A pressão sobre os jornalistas foi tamanha que vários começaram a desenvolver doenças psicossomáticas. Uma jovem estagiária passou a cantar “Odara” de trás para frente, fato que só foi percebido quando um médico visitou a redação e reparou que algo soava estranho porque a música fazia sentido. Na mesma tarde, um repórter se atirou da janela gritando “Sou um filhote de leão, raio da manhã”. Horas depois, Xexéo foi afastado. A nova editora do caderno, Isabel de Luca, encontrou uma redação destroçada, que há 101 dias não menciona Caetano Veloso. Sua primeira medida foi contratar um setorista do cantor baiano, sinalizando, assim, que o regime de Xexéo chegou ao fim. Em Haia, o promotor do Tribunal Internacional de Justiça, Luis Moreno-Ocampo, está analisando vários exemplares do Segundo Caderno dirigido por Xexéo para ver se existem provas que permitam indiciar o ex-editor por abuso psicológico de toda uma classe de profissionais.
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