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Versão brasileira

Quero falar de grandes versões, e de alguns casos em que a versão se iguala ou até mesmo supera o original – sim, são raros os casos, mas que há, há. Versões como as maravilhosas Luzes da Ribalta e Sorri, feitas pelo gênio Braguinha, vulgo João de Barro, para as clássicas Limelight e Smile, do multiartista (e exímio compositor) Charles Chaplin.

Zeca Baleiro | 27 set 2013_12h01
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Versões são um capítulo à parte da música brasileira. Nossos compositores e letristas já verteram músicas de quase todos os idiomas, incluindo o obscuro romeno, caso de Festa no Apê, originalmente um “bundalelê” oriundo do país do Conde Drácula, tornado megahit na voz do cantor Latino (simpática ironia, já que o romeno é uma das várias línguas originárias do latim).

Mas eu quero falar de grandes versões, e de alguns casos em que a versão se iguala ou até mesmo supera o original – sim, são raros os casos, mas que há, há. Versões como as maravilhosas Luzes da Ribalta e Sorri, feitas pelo gênio Braguinha, vulgo João de Barro, para as clássicas Limelight e Smile, do multiartista (e exímio compositor) Charles Chaplin.

Caso bem curioso é o de Fascinação, originalmente uma canção francesa, de autoria de F. Marchetti e Maurice de Feraudy, vertida para o inglês depois de longo anonimato (consta que foi composta nos primeiros anos do século 20). Depois, o brasileiro Armando Louzada acertaria em cheio ao criar, a partir da versão inglesa, os versos: “Os sonhos mais lindos sonhei / de quimeras mil um castelo ergui…”). Gravada na década de 40 por Carlos Galhardo, a canção viraria um sucesso de todos os tempos, regravada mil e uma vezes, por Elis Regina, Nana Caymmi, José Augusto e dezenas de vozes de gerações e estilos diferentes.

Em 41, Francisco Alves lançaria Perfídia, versão do homônimo bolero do mexicano Alberto Dominguez, feita por ninguém menos que… Lamartine Babo. O sucesso da música (e de outros boleros tantos) geraria uma febre de versões de boleros e similares, que duraria até a década seguinte. O Relógio, Noite de Ronda, Foi Somente Uma Vez e Beija-me Muito são algumas das inúmeras versões feitas na mesma época, por nomes que iam desde o famoso compositor e jornalista David Nasser até a pouco conhecida Nely Pinto – em alguns destes casos a versão brasileira não superou o sucesso das originais, e os canários tupiniquins seguiram cantando, em às vezes duvidoso castelhano, “besame, besame mucho, como se fuera esta noche la ultima vez” ou “solamente una vez, amei em la vida”.

José Fortuna é um paulista de Itápolis, que tem no currículo versões várias, de boleros inclusive. Mas foi sua versão para Índia, na década de 50, sucesso com a dupla Cascatinha e Inhana, que fez surgir outra pequena febre musical, a das guarânias paraguaias, gênero cujo maior nome foi José Assunción Flores, um dos autores da referida canção.

Lejania, cá entre nós mais conhecida como Meu Primeiro Amor, foi outro golaço de Fortuna, em cujo patrimônio criativo constam ainda versões como Anahí, Pombinha Branca e A Andorinha, todas sucessos eternos, e com intérpretes que vão de Trio Irakitan a Gal Costa, passando por Chitãozinho e Xororó, Nara Leão, Angela Maria, Irmãs Galvão, Caetano Veloso, Maria Bethania, Tetê Espíndola e Alzira E.

O assunto não se esgota aqui. Continua no próximo capítulo na semana que vem.

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