A última exposição de Portinari
Candido Portinari, certamente o pintor brasileiro de maior projeção internacional da primeira metade do século XX, pode também ser considerado um mártir da pintura brasileira.
Candido Portinari, certamente o pintor brasileiro de maior projeção internacional da primeira metade do século XX, pode também ser considerado um mártir da pintura brasileira. De fato, sua dedicação ao trabalho apressou sua morte, ocorrida com apenas 58 anos, em 1962, intoxicado pelo chumbo das pinturas que usava. Todos os médicos lhe recomendavam que pintasse menos, ao que Portinari respondia: “Como viver sem pintar?”
Famoso desde os anos 1930, Portinari viu, nos anos 1950, sua influência declinar. O momento era do abstracionismo e do neoconcretismo, que seduziam a maior parte dos jovens artistas, enquanto Portinari se mantinha firmemente figurativo. Após uma primeira crise séria, quando pintava, em 1952, os painéis “Guerra e Paz”, na ONU, sua saúde continuava frágil, mas seu ímpeto criativo permanecia o mesmo. O grande artista não se privava nem sequer de usar, quando achava necessário, um pigmento amarelo particularmente tóxico. Os últimos anos de Portinari, mesmo que abalados pela progressão da doença, lhe trouxeram também em 1960, a grande alegria do nascimento de sua neta Denise, por quem se apaixonou perdidamente e retratou em obras belíssimas.
O folheto reproduzido nesta página é o catálogo da última exposição de Portinari em vida, inaugurada na Galeria Bonino no Rio de Janeiro em julho de 1961, meses antes de sua morte. A capa do catálogo é um primor do design da época e as páginas internas trazem reproduções em preto e branco das obras recentes expostas. Este exemplar é excepcional por trazer não apenas a assinatura de Portinari como também daqueles que eram os três maiores poetas brasileiros: Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.
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