A mulher do Faraó
A fotografia mostrada nessa página (assim como seu detalhe ampliado) nos remete a um tempo heroico do cinema, quando o diretor alemão Ernst Lubitsch, já famoso na Europa, aos 28 anos, por filmes realizados no final dos anos 1910, obtém em seu país, em 1920, um financiamento gigantesco para realizar o épico com o qual pretende impressionar Hollywood, uma superprodução intitulada “A mulher do Faraó”.
A fotografia mostrada nessa página (assim como seu detalhe ampliado) nos remete a um tempo heroico do cinema. Em 1920, o diretor alemão Ernst Lubitsch, já famoso na Europa, aos 28 anos, obtém em seu país um financiamento gigantesco para realizar o épico com o qual pretende impressionar Hollywood: uma superprodução intitulada .
O cinema era ainda mudo e o público acompanhava o enredo através de cartéis inseridos entre as cenas, que revelavam aos poucos a trama. As atuações eram naturalmente mais limitadas, com muitas caretas, o que não impediu que surgissem grandes atores, vários dos quais perderam mais tarde o estrelato quando o cinema ganhou som e suas vozes revelaram-se esganiçadas. O protagonista do filme era o maior ator alemão da época, Emil Jannings, que sobreviveu ao cinema falado, mas não às suas simpatias nazistas, que arruinaram mais tarde sua carreira.
Lubitsch era um dos mais bem-sucedidos diretores alemães, mas queria vencer na América, como de fato ocorreu, dois anos mais tarde. Realizado de forma premonitória em 1921, o filme teve a sorte de aproveitar-se também da enorme publicidade que trouxe para o Egito Antigo a descoberta por arqueólogos ingleses da tumba de Tutancâmon, no final de 1922.
Nos Estado Unidos foi lançado como "O filme de um milhão de dólares”, uma fortuna incalculável para a época e uma quantia nunca antes gasta para a produção de um filme. Seis anos mais cedo, a produção nababesca de D. W. Griffith O nascimento de uma nação (hoje lembrado como um dos maiores clássicos do cinema mudo) custara apenas U$120,000.
A foto revela o quão ambicioso foi de fato todo o projeto, e vê-se claramente uma multidão de figurantes diante de uma carreira de pedra semelhante àquelas nas quais os escravos egípcios exauriam-se para cortar e transportar os enormes blocos necessários à construção dos monumentos. Lubitsch é o segundo da esquerda para direita no grupo de figuras de primeiro plano e faz no canto uma dedicatória para a revista de cinema Filmaufnahme, que o produtor do filme, Paul Davidson, também assina.
A foto evoca como poucas outras imagens os tempos heroicos do cinema mudo, numa época em que a popularidade do meio já permitia grandes produções.
Lubitsch passou os últimos 25 anos de sua vida nos Estados Unidos. Fez musicais inesquecíveis nos dois ou três anos que seguiram-se à invenção do cinema falado e revolucionou as comédias americanas com o famoso “toque Lubitsch”, considerado inimitável: situações improváveis em comédias-românticas, aliadas a pitadas de alusões eróticas, realizadas com seu estilo único.
A foto foi publicada na revista alemã em 1921 e permaneceu décadas em seus arquivos. Sobreviveu à Segunda Guerra e passou a integrar coleções privadas quando o arquivo da revista foi dispersado.
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