Um desenho inédito de Pagu
A carta reproduzida nesta página é datada de junho de 1930 e seu destinatário é o poeta paulista Guilherme de Almeida. Foi escrita em dois lados de um cartão e simboliza uma das relações amorosas mais emblemáticas do modernismo brasileiro: a de Oswald de Andrade com Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu.
A carta reproduzida nesta página é datada de junho de 1930 e seu destinatário é o poeta paulista Guilherme de Almeida. Foi escrita em dois lados de um cartão e simboliza uma das relações amorosas mais emblemáticas do modernismo brasileiro: a de Oswald de Andrade com Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu.
Oswald era ainda casado com Tarsila do Amaral em 1928 quando conheceu Pagu, moça de família tradicional de apenas 18 anos, talentosa, de beleza agressiva e personalidade exuberante. Encantou-se logo e tornou-se seu amante, deixando finalmente Tarsila para casar-se com ela em 1930.
Pagu realizava nessa época desenhos instigantes, pesadamente influenciados pela rival que acabara de desbancar, Tarsila.
A carta desta página é escrita por Oswald de um lado e ilustrada por Pagu do outro, com um desenho inédito de inspiração surrealista que figura entre suas melhores obras, em seu breve momento de maior força criativa.
Oswald, ironizando a respeito de alguma recente inciativa ou parceria literária de Guilherme de Almeida que considera desastrada, refere-se a ele como recém-falecido, desenha um ramo de flor e escreve: “Iremos hoje à missa rezar por sua intenção, visto a má companhia em que você se mete. E festejaremos você no palácio guindado do Morro dos Ingleses sobre esse São Paulo de porcelana que junho transforma num hibernal sex-apito”.
A aliança entre o texto poético de Oswald e a imagem lírica de Pagu torna esta peça particularmente atraente e evoca de um dos momentos mais interessantes do nosso modernismo, pouco após a criação da Revista de Antropofagia.
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