O storyboard de Magritte
Em 1946, quando escreveu a carta aqui reproduzida para o cineasta Francis Lee, Magritte não desfrutava sequer de uma ínfima porção de sua atual celebridade. Tinha 48 anos e havia se aproximado, ao viver em Paris nas décadas anteriores, dos outros surrealistas e de seu papa, o poeta francês André Breton, que concedera um espaço considerável para a obra de Magritte nas publicações do Movimento, que liderava com mão de ferro.
Nos últimos trinta anos, a reputação do belga René Magritte consolidou-se definitivamente com importantes exposições retrospectivas, monografias e inúmeros estudos que o confirmaram ? juntamente com Salvador Dali e Joan Miró – como o artista mais famoso do Movimento Surrealista. A repercussão de sua obra junto ao público só faz crescer e muitas de suas imagens tornaram-se, desde os anos 1960, ícones imediatamente reconhecíveis.
Em 1946, quando escreveu a carta aqui reproduzida para o cineasta Francis Lee, Magritte não desfrutava sequer de uma ínfima porção de sua atual celebridade. Tinha 48 anos e havia se aproximado, ao viver em Paris nas décadas anteriores, dos outros surrealistas e de seu papa, o poeta francês André Breton, que concedera um espaço considerável para a obra de Magritte nas publicações do Movimento, que liderava com mão de ferro.
A Segunda Guerra Mundial, vivida por Breton nos Estados Unidos, afastou-os progressivamente, e também contribuiu na mesma época para a quase ruptura de uma nova fase efêmera pós-impressionista de Magritte, que Breton menosprezava.
Na carta, Magritte mostra-se ainda preocupado em entrar em contato com Breton e mandar-lhe o catálogo de sua última e polêmica exposição. Pergunta a Lee, que também era próximo do líder surrealista, se o escritor francês está ainda em Nova York, e diz ter recebido seu livro .
Pede também que seu correspondente o ajude a vender seus quadros e a expor em Nova York, com a ajuda da escritora e desenhista francesa Valentine Hugo. Mas é sobretudo a pequena série de desenhos que Magritte agrega à carta que traz-lhe um charme todo especial.
Magritte sugere a Francis Lee a ideia de uma cena que o cineasta poderia inserir num de seus curta-metragens: a sequência de imagens, como um storyboard, mostra um homem de cartola chegando a um lugar onde deposita seu guarda-chuva, tira as luvas e as põe sobre uma mesa, e ao tirar a cartola, tira junto com ela sua própria cabeça.
Estes desenhos, até hoje inéditos, parecem ser a única manifestação desta ideia de Magritte registrada no papel, pois o grande pintor belga não a tornou a usar em nenhuma de suas composições.
A carta permaneceu desconhecida de todos os estudiosos da obra de Magritte e ressurgiu recentemente nos Estados Unidos, entre os papéis de Francis Lee.
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