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despedida

Capivara na pista

O atropelamento de animais em rodovias brasileiras

Mônica Manir | Edição 160, Janeiro 2020

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Eram quase oito da noite quando, no último dia 27 de novembro, a capivara empacou em plena estrada e olhou fixamente para o farol cada vez mais próximo. O carro com o professor Adroaldo José Zanella, um aluno e o motorista desviou a tempo, mas o que vinha logo atrás não pôde evitar o choque. A capivara morreu de imediato, no km 177 da Rodovia Anhanguera. Sem sofrer avarias significativas, o automóvel que a acertou conseguiu parar. Seus ocupantes preferiram não notificar o episódio e, após se recuperarem do susto, prosseguiram viagem. Fotos tiradas por um policial rodoviário algumas horas depois mostram que outros veículos passaram por cima do bicho morto, cujas vísceras se espalharam pelo asfalto. “É bem assustador quando a ciência chega tão perto da gente”, diz Zanella, que estuda esse tipo de acidente e dá aulas sobre bem-estar animal na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a FMVZ. “São inúmeras as ocorrências com capivaras nas estradas brasileiras. Por muito pouco, escapamos de uma.”

O km 177 da Anhanguera, na altura de Araras, interior paulista, é um ponto de alta periculosidade para os roedores. À margem dele, há uma fazenda com lagos, onde famílias de capivaras se refestelam durante o dia. Ao cair da noite, algumas (quando não o grupo inteiro) cruzam a pista e frequentemente se dão mal.

Às vezes, os acidentes vitimam também os humanos. Foi o que aconteceu em 31 de dezembro de 2010, ainda na região de Araras, mas na Rodovia Wilson Finardi, que liga o município a Rio Claro. Após atingir capivaras que caminhavam juntas, um Gol colidiu com um Uno que trafegava no sentido contrário. Sete pessoas morreram na hora e outras três no hospital. “Nós, do policiamento rodoviário, trabalhamos com o horizonte de morte zero”, afirma o capitão Jivago Moretto Pedra. A meta da corporação, portanto, é evitar qualquer tipo de baixa nas pistas. “Se um evento com dois ou três óbitos já sai da normalidade, imagine um com dez pessoas e três capivaras mortas.”

 

O desastre daquele Réveillon foi o estopim para que o policial de 38 anos resolvesse estudar o atropelamento de animais num mestrado. Ele circunscreveu sua análise a um trecho de 380 km, que abrange sete estradas do Centro-Norte paulista e corresponde a apenas 1% de toda a malha rodoviária do estado. O resultado fez cair o queixo do oficial e de seu orientador, o professor Zanella. Entre 2008 e 2018, registraram-se 35 245 ocorrências com bichos nesse perímetro. Nelas, não figuravam somente os atropelamentos, mas também os afugentamentos. “Tinha policial que passava a madrugada tocando capivaras da pista”, conta Pedra.

As ocorrências abarcavam sobretudo cachorros. Quase 13 mil deles se feriram, morreram ou foram afugentados ao longo da década que o capitão escrutinou. Já as capivaras encabeçaram o ranking dos bichos silvestres. Houve 5 671 episódios com esse roedor – e 84 com onças, por exemplo. “O número de capivaras pode ser maior, porque alguns apontamentos feitos pela concessionária das estradas mencionam roedores não identificados ou castores, e não temos castores na nossa fauna”, alerta Pedra. Além disso, vários animais feridos acabam saindo das rodovias e morrendo mata adentro, o que diminui a precisão dos registros.

A letalidade da capivara revela-se grande por causa de suas características físicas e comportamentais. Maior roedor do mundo, o animal chega a ter 64 centímetros de altura e pesar 80 quilos. Como exibe pelagem escura, os motoristas dificilmente conseguem enxergá-lo à noite. O mamífero também costuma paralisar quando se vê diante de um farol aceso, conforme atestou Zanella. Resta saber o que o motiva a perambular pelo asfalto.

 

Inspetores de tráfego entrevistados por Pedra desconfiam que o calor do pavimento e a gramínea nos canteiros centrais atraem o bicho. Para solucionar de vez o enigma, uma rodovia experimental está sendo construída no campus de Pirassununga da FMVZ, junto de um veio d’água barrento. Os 600 metros da pequena estrada, monitorados por câmeras, aguardam apenas o asfalto e a instalação de passagens, como túnel e ponte. Sessenta capivaras já vivem em torno do veio d’água, onde gostam de mergulhar. Ao observar a relação delas com a rodovia experimental, os cientistas esperam compreender as razões que as levam até a pista e criar estratégias para prevenir os acidentes. O projeto resulta de uma sinergia entre os governos federal e estadual, a USP, a Polícia Militar Rodoviária e a concessionária Intervias, que administra diversas estradas paulistas.

 

Um aspecto que inquieta bastante os pesquisadores é a morte por atropelamento de animais em perigo de extinção. O colombiano Pedro Enrique Navas Suárez, apaixonado pelos lobos-guarás, não se conforma de já ter mantido no freezer de seu laboratório os corpos de três deles. As carcaças compunham um arsenal com 415 cadáveres de diferentes espécies que o cientista recebeu em três anos de doutorado na FMVZ. Tatu-canastra, cachorro-vinagre, tamanduá-bandeira, anta, gato-maracajá e sagui-da-serra-escuro – todos mamíferos em risco, a exemplo do guará – vieram se somar a capivaras, preguiças e cervos. O colombiano obteve a carga principalmente com três concessionárias de São Paulo e a força-tarefa Bandeiras e Rodovias, que investiga a mortalidade de tamanduás nas estradas do Cerrado.

Como boa parte das informações sobre doenças em animais selvagens provém de zoológicos, o atropelamento acaba sendo uma oportunidade de analisar a saúde de bichos que vivem livremente. Oriundos da Mata Atlântica, do Cerrado e do Pantanal, os espécimes que integravam o acervo de Suárez eram, na maioria, adultos saudáveis e aptos a se reproduzir. Não invadiram a pista por um distúrbio neurológico ou algo do gênero. Atravessaram a estrada porque, antes, a estrada atravessou o hábitat deles.

 

O Brasil possui a quarta maior malha rodoviária do mundo, com 2 milhões de km. Fica atrás somente dos Estados Unidos, da China e da Índia. Escassas, as pesquisas nacionais que quantificam os atropelamentos divergem astronomicamente. O Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, sediado na Universidade Federal de Lavras (MG), estima que 475 milhões de animais morrem anualmente nas rodovias do país, incluindo pequenos vertebrados, como sapos e cobras. Já um levantamento realizado pelo biólogo Rubem Dornas, da Universidade Federal de Minas Gerais, indica que 14,7 milhões de bichos sucumbem por ano nas estradas. “Ambas as cifras, apesar de bem distintas, são alarmantes”, diz Suárez, ajeitando os grandes óculos redondos. “Temos muita biodiversidade no Brasil, mas perdemos muita também, e em circunstâncias drásticas.”

Mônica Manir
Mônica Manir

É jornalista. Publicou os livros Por um ponto final (Com-Arte) e Diário de uma fadiga (Cancioneiro).

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