O Brasil está em chamas. Apenas nos primeiros nove meses deste ano, as queimadas em todo o país já atingiram área equivalente à de todo o Reino Unido – mais de 226 mil km². Os sinais da devastação se espalham por todas as regiões brasileiras. O Pantanal nunca queimou tanto – de cada quatro focos ativos em todo o país, pelo menos um deles foi no estado de Mato Grosso. Até outubro, a Amazônia concentrou quase metade dos focos de incêndio registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial – INPE. Mas o fogo está em todo o país: nos Pampas, a área queimada até agosto de 2020 quase quintuplicou em relação ao mesmo período do ano passado – é equivalente a 12 vezes a área de Porto Alegre. No estado de São Paulo, apenas nos primeiros dois dias de outubro deste ano foram registrados mais focos de incêndio que em todo o mês de outubro do ano passado. Mesmo na Caatinga, um dos biomas menos afetados pelo fogo, a área queimada até setembro equivale a onze cidades de Salvador. Nesta semana, o =igualdades retrata o cenário apocalíptico das queimadas no Brasil.
Neste ano, até setembro, o Brasil já queimou um Reino Unido. A área atingida pelo fogo nos nove primeiros meses deste ano foi de 226.485 km². Só em setembro, a área queimada foi de 105.167 km², o equivalente ao que havia queimado nos oito meses anteriores, somados.
O Pantanal nunca queimou tanto. A área atingida pelo fogo no bioma, até setembro, foi de 32.910 km² – o maior valor registrado desde que o INPE começou a fazer o monitoramento, em 2002. Atualmente o Mato Grosso é o estado que mais tem focos ativos de incêndio no país. De cada 100 focos neste ano, 24 ocorreram só no Mato Grosso.
A cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, é a que tem mais focos de incêndio no país. Até dia 8 de outubro, foram 7.309 focos apenas nesse município pantaneiro – mais que o registrado no estado de Goiás durante todo o ano de 2019.
Até outubro de 2020, a Amazônia teve 83.021 focos de incêndio. Isso representa quase metade dos focos registrados no Brasil – 183.018. Esse bioma, sozinho, é responsável por 45,36% dos focos de calor observados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Ou seja, a cada 100 incêndios no Brasil, 45 são na Amazônia.
Os incêndios não se limitam ao Pantanal e à Amazônia. Neste ano, o fogo também se espalhou por regiões onde um cenário tão caótico não era comum. Até setembro, o Pampa – localizado no Sul do Rio Grande do Sul – foi o bioma que teve o maior aumento em área queimada, em comparação com o mesmo período de 2019. Foram 6.044 km² queimados até o fim de setembro – quase cinco vezes o que foi queimado em 2019. O território devastado é 12 vezes a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
No Vale do Paraíba, entre São Paulo e Rio de Janeiro, os focos de incêndio se multiplicaram. De 1º de janeiro a 8 de outubro deste ano, foram registrados 277 focos de calor na região – o maior número em dez anos. No mesmo período do ano passado, foram 103. Ou seja, para cada foco de calor em 2019, três foram registrados em 2020.
Apenas nos primeiros dois dias do mês de outubro, o número de focos de incêndio no estado de São Paulo ultrapassou o de todo o mês de outubro do ano passado. Até agora, o estado tem o maior número de focos de incêndio em dez anos – foram 5.797 até 8 de outubro.
Mesmo a Caatinga, um dos biomas com a menor área devastada pelo fogo este ano, teve 7.775km² de seu território queimado nos nove primeiros meses de 2020. Isso equivale a mais de 11 cidades de Salvador, capital da Bahia.
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
É repórter da piauí
Jornalista e autora de Memórias Interrompidas: testemunhos do sertão que virou mar. Foi estagiária de jornalismo na piauí e também já contribuiu com Universa Uol, G1 Ceará e Diário do Nordeste.
É designer e diretora do estúdio BuonoDisegno