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    Tutinha, dono da Jovem Pan, que considera sua emissora “de centro”: “Se o público amanhã mudar de lado, eu vou mudar com ele”, diz CRÉDITO: VITO QUINTANS_2022

questões do extremismo

A Jovem Pan e o golpe

Como a emissora tornou-se o braço mais estridente do bolsonarismo

Ana Clara Costa | Edição 191, Agosto 2022

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Soprava uma leve brisa noturna no Rio de Janeiro quando Tucker Carlson, a estrela mais reluzente da televisão a cabo dos Estados Unidos, deixou seu apartamento no hotel Fasano, no Arpoador, em direção ao aeroporto. Naquela noite de junho, voou para Brasília onde, no dia seguinte, entrevistaria pela primeira vez o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto. Carlson aceitou o convite articulado pelo assessor presidencial Filipe Martins, pupilo do falecido Olavo de Carvalho e fã de Donald Trump e de seu estrategista de campanha, Steve Bannon. Na quarta-feira, 29 de junho de 2022, dia da entrevista, o assessor estava radiante. O presidente estava ansioso. E o jornalista estava cansado. Durante a viagem, continuara apresentando o Tucker Carlson Tonight, seu programa diário na Fox News, a partir de um microestúdio montado no hotel, tendo a Praia de Ipanema como cenário.

Em mais de uma hora de entrevista, da qual 29 minutos foram ao ar, Bolsonaro sentiu-se ao lado de um aliado. Criticou a obrigatoriedade da vacina, minimizou o racismo no Brasil, denunciou que as pesquisas eleitorais são manipuladas. Carlson, cujo programa, nas palavras do New York Times, “talvez seja o mais racista da história da tevê a cabo” dos Estados Unidos, gostou do que ouviu e perguntou por que a Fox News, onde ele exerce uma enorme influência na radicalização do conservadorismo norte-americano, não estava instalada no Brasil para atender aos telespectadores bolsonaristas. “A CNN está aqui”, disse. “O senhor teve mais de 50 milhões de votos nas eleições. A CNN é um ator político aqui, assim como a Globo. Mas não há canal de tevê para os seus eleitores. Por quê?”

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