Charge de Luiz Gê publicada em 1979: o nome PT para o novo partido tinha, entre outras vantagens, a de não lembrar a utilização política dos sindicatos em favor de líderes políticos tradicionais, como fazia o getulista PTB CRÉDITO: LUIZ GÊ_1979
Os PTs possíveis
Como foi criado o Partido dos Trabalhadores, nos anos 1970
Celso Rocha de Barros | Edição 192, Setembro 2022
Djalma Bom se lembra do dia em que o governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, compareceu à posse da direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema em 1975. Egydio era um grande empresário que chegou a ser diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) nos anos 1950 por uma chapa conservadora. Em 1964, conspirou contra João Goulart e apoiou o golpe de Estado. Entretanto, era visto como membro da ala moderada do regime militar. Indagado pelo presidente Ernesto Geisel sobre o motivo de ter comparecido à posse de Luiz Inácio Lula da Silva, Egydio respondeu que o sindicalista se rebelava contra o peleguismo varguista, não aceitava suborno para encerrar greves e havia derrotado os comunistas. Chegou em São Bernardo de helicóptero, jogando poeira em todo mundo que o esperava.
O convite para Paulo Egydio partiu do sindicato, mas alguns operários desconfiaram que alguém do governo do estado planejava usar os sindicatos eleitoralmente. A suspeita tinha fundamento. O secretário de Relações do Trabalho do estado de São Paulo, Jorge Maluly Neto, queria fundar um partido trabalhista e conseguiu o apoio de sindicalistas ligados à máquina oficial para se candidatar ao governo paulista. O próprio Lula conta que compareceu a uma reunião com cerca de cem sindicalistas em que a proposta de um partido “social-trabalhista” foi apresentada. Quando alguém perguntou quem defenderia os sindicatos em caso de problema com a polícia, Maluly teria batido no próprio peito, para aplauso geral. Lula se irritou, discursou dizendo que os sindicalistas deveriam ter como escudo a própria classe trabalhadora, e depois disso não foi mais chamado para as reuniões.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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