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O drama dos opioides

    No canal do porto de Vitória, o anestesista Ricardo Silva Nicoletti, que superou a dependência de opioides: “Sou um caso raro, pois consegui voltar a trabalhar em centro cirúrgico” CRÉDITO: FLAVIA VALSANI_2022

questões de saúde

O drama dos opioides

Potentes e viciantes, as drogas se espalham entre médicos e enfermeiros – e já são traficadas até em conta do Telegram

João Batista Jr. | Edição 193, Outubro 2022

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O zelador bateu na porta do apartamento uma, três, cinco vezes. Nada. Chamou um segurança e um ajudante do condomínio e, juntos, derrubaram a porta a pontapés. Entraram. Andaram pela sala, pela cozinha. Nada. Até que encontraram o farmacêutico A. L., de 32 anos, no banheiro, inerte, com uma seringa perto do braço e “três ou quatro” ampolas caídas ao redor. O zelador ligou para W. M., de 33 anos, e informou a suspeita trágica: seu namorado fora encontrado estirado no chão e estava provavelmente morto. O zelador ligou para o 190 e a polícia chegou em menos de quinze minutos. Sim, A. L. estava morto. Seu corpo foi retirado e as testemunhas seguiram para a 93ª Delegacia de Polícia, na Zona Oeste de São Paulo.

No boletim de ocorrência, registrou-se “vítima de suicídio”. Mais tarde, concluídos os exames no Instituto Médico Legal, saiu a causa do óbito: “Intoxicação exógena por agentes químicos.” Em nota enviada à piauí, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo detalha: “No sangue da vítima foi constatada a presença de opioides e sedativos.” A. L. injetara um opioide sintético poderosíssimo, cujo princípio ativo é o citrato de fentanila, usado para sedação e anestesia em procedimentos médicos. É cem vezes mais forte que a morfina, cinquenta vezes mais forte que a heroína. A. L. morrera de overdose.

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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