CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2023
A grife do verme
Um pichador conquista bairros ricos de Salvador
Lara Machado | Edição 204, Setembro 2023
Com o skate debaixo do braço, a mochila nas costas e o spray de tinta em punho, LVC Vandalismo, de 38 anos, sai pelas ruas, na madrugada, decidido a marcar mais um muro de Salvador com a figura que o tornou famoso na cidade. Ele desenha uma boca escancarada, cheia de dentes e, depois, traça uma série de semicírculos para compor o corpo de um anelídeo. LVC nunca batizou a criatura que começou a traçar em 2012, mas ela ficou conhecida como Verme. “É uma boca que quer sair comendo tudo, engolindo todos os espaços”, diz o pichador.
Ele usa diferentes técnicas e materiais para fazer suas pichações: caneta, spray, pincel e até tinta colocada em extintor de incêndio. Já pintou o Verme inclusive no asfalto das ruas, em grandes dimensões – um monstro que deseja engolir os carros. Embora aceite trabalhos de design por encomenda, LVC Vandalismo também gosta de “fazer uns bagulhos sem permissão mesmo”, o que explica seu pseudônimo e o pedido que fez à piauí para que seu verdadeiro nome não fosse revelado. “Aí acaba sendo vandalismo”, admite. “Eu não me coloco como grafiteiro, não. Sempre me coloco como pichador.”
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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