Serra do Curral desfigurada por uma das empresas de Alan Cavalcante CRÉDITO: BARBARA JUNQUEIRA_2023
Como um novo-rico destruiu a Serra do Curral
Empresário alagoano, dono de mineradora, soma milhões de reais em multas por devastar o maior patrimônio ambiental de Belo Horizonte
O empresário Alan Cavalcante do Nascimento leva uma vida de luxo. É conhecido, em Alagoas, pelas festas de Réveillon que organiza em sua mansão, no condomínio mais caro do estado. A festança, à qual comparecem centenas de convidados, dura três semanas, com direito a pool party e shows ao vivo. O dinheiro que banca tudo isso vem de seus negócios: Cavalcante é dono de 38 empresas de diferentes ramos. Mas o que chama atenção mesmo são seus investimentos em mineração.
Até o início da década de 2010, Cavalcante nunca havia trabalhado nessa área. Hoje é dono de quatro jazidas de minério, que totalizam 4,5 mil hectares, num local especial: a Serra do Curral, a imponente cadeia de montanhas de Belo Horizonte. É uma área cobiçada há muito tempo por mineradoras. Ambientalistas defendem que a serra seja tombada.
Nos últimos cinco anos, Cavalcante foi autuado dezoito vezes e multado em 2,6 milhões de reais por captar sem autorização a água de um rio e por desmatar ao menos 67 hectares na Serra do Curral, reduzindo a mata nativa a imensas cavas. A Fleurs, nome do seu grupo empresarial, ocupa o terceiro lugar entre as empresas mais autuadas por infrações ambientais em Minas Gerais entre 2018 e 2023.
O tamanho das operações – e das multas – chamou atenção do governo estadual. Fiscais da Secretaria de Meio Ambiente de Minas (Semad) flagraram uma das empresas de Cavalcante fazendo extração ilegal de minério de ferro na serra. A Polícia Federal entrou no caso. Num relatório preliminar, levantou suspeitas sobre a relação do empresário com seus sócios. O documento afirma: “Vários desses atuais sócios das empresas investigadas são apenas ‘laranjas’, não possuindo condições financeiras nem tão pouco conhecimento técnico no ramo de mineração e nem administrativo para gerirem as empresas.” Além disso, pelo menos duas das empresas de Cavalcante informam estar sediadas em Maceió – em endereços que não existem.
A piauí perguntou a Alan Cavalcante sobre a acusação de crimes ambientais, as suspeitas sobre sua fortuna e as empresas de fachada. Ele disse que os questionamentos “trazem em si enormes equívocos e inverdades, e uma simples apuração comprova o caráter calunioso e difamatório de muitas dessas informações”. Disse ainda que suas empresas estão sediadas em imóveis de propriedade dos sócios, que seu patrimônio tem “origem totalmente lícita e está inteiramente declarado [à Receita Federal]”.
Os assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.
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