CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2023
A base é uma só
A história do Kaol, o prato que fez a fama de um café mineiro
Pedro Tavares | Edição 206, Novembro 2023
Como vai anunciado no título, Samba de uma nota só, de Tom Jobim, é estruturado a partir de uma única nota – um mi, na primeira gravação, de João Gilberto, em 1960. Outras notas entram na canção, mas “a base é uma só”, esclarece a letra de Newton Mendonça. Há sete décadas, o Café Palhares, no Centro de Belo Horizonte, oferece uma versão culinária desse clássico da bossa nova: o cardápio traz uma única opção de prato no almoço, o Kaol, base para pequenas modificações que foram surgindo ao longo dos anos. Uma pequena placa no balcão divulga a combinação muito simples e bem brasileira do Kaol: arroz, ovo frito e linguiça. A sugestão de acompanhamento é a cachaça mineira. Daí vem o nome do prato: o K representa a cachaça, e as letras seguintes são as iniciais dos três ingredientes.
“Mesa para uma pessoa, por favor”, solicita um cliente na hora do almoço, quando o restaurante está lotado. “Pode sentar ali, entre aqueles dois rapazes”, responde um dos atendentes de camisa e boina vermelhas, apontando para o lugar vago no grande balcão em formato de U – pois o Café Palhares não tem mesas. Os clientes se acomodam em banquetas redondas fixas do lado do balcão.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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