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Afrofuturismo e racismo

    Duas sátiras: a de Schuyler ataca a ambição dos negros de ascenderem na sociedade à maneira de brancos capitalistas; a de Lobato fala da incompatibilidade entre raças nos Estados Unidos CRÉDITO: ATO_ROBINHO SANTANA_2017

questões literárias

Afrofuturismo e racismo

As curiosas coincidências entre dois livros de ficção científica: um do escritor afro-americano George S. Schuyler, outro de Monteiro Lobato

Tom Farias | Edição 209, Fevereiro 2024

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Na noite do Réveillon de 1932 para 1933, um negro alto, elegante e posudo, Max Disher, resolveu tirar uma mulher branca para dançar no Honky Tonk Club, um bar dançante de quinta categoria em Nova York. Caucasiana de cabelos prateados, bem ao estilo de sua época, Helen repeliu prontamente o galanteador, com uma frase que o desconsertou: “Nunca danço com niggers.”

O insulto da loira deixou Disher mais perturbado com sua condição de negro do que revoltado contra os brancos. Por coincidência, naqueles dias, o cientista Junius Crookman estava de retorno aos Estados Unidos, depois de um período de estudos na Alemanha, quando desenvolveu uma geringonça revolucionária para transformar negros retintos em brancos caucasianos. Disher, ainda abatido e contrariado, se ofereceu para ser o primeiro negro a testar o aparelho inovador. A transformação foi surpreendente: ele perdeu toda a melanina de homem de origem africana e adquiriu tons perfeitos da pele branca, além de cabelos loiros.

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