Território do som
Uma jovem violonista negra ganha o mundo
Darlene Dalto | Edição 211, Abril 2024
Em Cerquilho, cidade de 45 mil habitantes a 150 km de São Paulo, Gabriele Leite cresceu em uma casa musical. Sua mãe, a costureira Edelzuita Rodrigues dos Santos Leite, adorava dançar e sempre ouvia samba de roda, Fundo de Quintal das antigas, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho e Alcione. O mecânico industrial Roberto Leite, seu pai, que gostava de James Brown e Luciano Pavarotti, notou que a filha demonstrava um encanto muito particular pela música – aos 4 anos, sua brincadeira favorita era fazer de conta que a vassoura era um violão, e os baldes da casa, uma bateria. Roberto pediu a um amigo que copiasse, em um CD, músicas de Dilermando Reis, Garoto e Francisco Tárrega, entre outros clássicos do violão. Aos 6 anos, a menina ganhou dois presentes que definiriam sua carreira: esse CD e um violão, dado pelo avô Éfito Reis.
Hoje com 26 anos, Gabriele Leite acaba de lançar seu primeiro disco, Territórios, com quatro peças de alto nível técnico para violão clássico. A jovem violonista negra acumula prêmios e vitórias em concursos. Em 2022, uma apresentação dela foi recomendada pelo New York Times. A crítica especializada diz que ela é um prodígio. Leite responde com modéstia: “Não se trata de mim, mas do resultado da minha dedicação ao instrumento.”
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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