Ali Kamel, na Globo: repórteres da emissora avaliam que o jornalismo da tevê ficou mais acanhado nos últimos anos, com menos apetite por reportagens investigativas CRÉDITO: RENATO VELASCO_GLOBO
Ali Kamel e o fim de uma era na Globo
A trajetória do homem mais poderoso do jornalismo brasileiro
Ali Kamel deixou há três meses suas funções executivas na Globo, depois de 22 anos ocupando o cargo mais poderoso do jornalismo brasileiro. Comandou 1.300 profissionais distribuídos em programas que diariamente abasteciam com informações mais de 100 milhões de pessoas – a maior operação jornalística da América Latina. Nesse período, aconteceram eventos de importância colossal: a posse do primeiro presidente de origem popular em mais de um século de República, os protestos de 2013, o impeachment da primeira mulher a governar o país, a deflagração da Operação Lava Jato, a prisão de dois ex-presidentes, a ascensão da extrema direita ao poder, uma pandemia devastadora e a primeira tentativa de golpe desde a volta do país ao regime democrático.
A repórter Ana Clara Costa passou quatro meses dedicada a reconstituir a trajetória de Kamel, que perpassa não só as transformações que aconteceram na política, mas também no jornalismo.
A reportagem mostra os bastidores das mudanças do modelo de negócios da Globo e seu impacto na produção de notícias. Durante a gestão de Kamel, a emissora passou de meio soberano de jornalismo televisivo, com orçamento confortável e influência descomunal, a alvo prioritário de um governo – o de Jair Bolsonaro. Ameaças de perda da concessão pública de tevê, arapucas armadas para enganar repórteres e ataques diários à credibilidade da emissora tiveram efeitos sobre a cobertura, que acabou se tornando mais acanhada, na avaliação de repórteres ouvidos pela piauí.
A entrada das Big Techs no mercado de comunicação acabou diluindo a audiência e o grosso das verbas publicitárias, o que afetou a Globo – e toda a imprensa – não só em seu poder de influenciar, mas também na sustentabilidade do seu negócio. O jornalismo se tornou uma atividade arestosa e menos rentável. A audiência do Jornal Nacional, maior programa jornalístico do país, caiu pela metade na última década. E a entrada da Globoplay no mundo dos streamings ainda não conseguiu fazer frente à perda de espectadores da tevê aberta.
Diante da crise na imprensa – e na Globo –, ficou mais difícil a missão de Kamel: manter a credibilidade do noticiário, calibrando o interesse público com a visão editorial da família Marinho, principal acionista da emissora, cujos negócios vão dos serviços financeiros ao e-commerce, dos transportes ao agronegócio.
Leia a reportagem completa no site da piauí.
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