Palafitas no Rio Tucunduba, em Belém: um dos movimentos que se articula para atuar na COP-30 é a COP das Baixadas, que defende que a realização do encontro internacional não pode se dar em benefício exclusivo dos bairros ricos CRÉDITO: RAIMUNDO PACCÓ_2024
Vai ter COP em Belém
A cidade que vai abrigar a conferência mundial do clima em 2025 enfrenta problemas urbanos e ambientais
Belém, a cidade que vai abrigar em novembro de 2025 a COP-30 (Conferência da ONU sobre Mudança Climática), tem graves carências de infraestrutura que penalizam os mais vulneráveis e os recursos naturais. Como a crise ambiental urbana precede a própria crise climática na região, a conferência mundial poderia ser uma oportunidade para debater soluções conjugadas para os dois problemas. A COP-30 também poderia fazer da cidade um laboratório – pelo rol de problemas que acumula, pela inserção peculiar na entrada da Floresta Amazônica e pela presença antiga de uma economia popular da biodiversidade.
Um olhar para a realidade de Belém, entretanto, levanta dúvidas sobre a viabilidade desse laboratório, escreve o urbanista Roberto Andrés na edição deste mês da piauí. A COP-30 encarna um objeto diferente, conforme o interesse do ator político.
Para o atual prefeito, Edmilson Rodrigues (Psol), com popularidade de um dígito, representa um bote salva-vidas que viabiliza recursos para obras e injeta um pouco de otimismo em ano eleitoral.
Para governador do estado, Helder Barbalho (MDB), é um troféu e serve para consolidar a liderança do seu grupo político na região.
Para o governo federal, é uma vitrine importante para sua ambição de reconstruir o protagonismo do Brasil no jogo diplomático.
Cada um desses objetivos guarda contradições. Sobre a vitrine diplomática há dúvidas se a política ambiental brasileira estará à altura da imagem de comprometimento que a realização da COP pretende passar. A possibilidade de o governo forçar a barra para que o Ibama autorize a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas acendeu recentemente o alerta de ambientalistas. Além disso, o governo brasileiro não possui um plano concreto para substituir o uso de petróleo e gás nos próximos anos.
Os interesses dos diversos atores políticos se alinham em torno de uma palavra: legado. A ideia de fundo é que abrigar grandes eventos pode ser uma oportunidade única para viabilizar investimentos e melhorias que não seriam possíveis de outra forma. E que, depois do evento, a população herdará “soluções definitivas”, como disse Helder Barbalho. O problema é que a ideia nem sempre corresponde à realidade.
Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.
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