Bruno Dantas, o presidente do TCU, em foto de dezembro de 2022: em sua carreira, ele construiu uma fama que normalmente inspira admiração ou temor. Às vezes, os dois sentimentos juntos CRÉDITO: ANTONIO CRUZ_AGÊNCIA BRASIL_2022
“Vai, Bruno!”
Como o TCU, em parceria com o governo Lula, virou um balcão de acordos bilionários
Breno Pires | Edição 214, Julho 2024
No palco, Carlinhos Brown e seu grupo entraram tocando a versão modernizada da música de abertura do noticiário oficial A Voz do Brasil. Em ritmo acelerado, os atabaques, agogôs e guitarras tocavam o tãããã, TÃÃÃÃ, tã-tã-tã, TÃÃÃÃ, tã-tã-tã, que o país ouve há décadas no rádio. No resort do litoral paulista, em evento promovido pela Esfera Brasil, o grupo de lobby mais influente da atualidade, a plateia se dividia entre os que prestavam atenção na apresentação do artista baiano e os que conversavam entre si. Na diagonal oposta ao palco, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, batia papo com seu sogro João Camargo, fundador da Esfera e também presidente da CNN Brasil, e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. Na mesma mesa, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, conversava com Rubens Menin, fundador da construtora MRV e da CNN local.
O evento estava próximo do fim. Wesley Batista, dono da JBS e grande parceiro da Esfera, já tinha partido, assim como Rubens Ometto, proprietário da Cosan e maior doador de campanhas nas eleições de 2022. Quatro ministros – Renan Filho, dos Transportes, Alexandre Silveira, de Minas e Energia, Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Miriam Belchior, a ministra em exercício da Casa Civil – também já tinham deixado o local, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Depois de dois dias de debates públicos e conversas ao pé do ouvido, havia uma atmosfera de dever cumprido. Era sábado, 8 de junho de 2024. Hotel Jequitimar Resort & SPA, no Guarujá, 15 horas.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINELeia Mais