A cantora Siba Puri: “As pessoas podem estar fazendo isso há muito tempo. Mas como cena coletiva a MIC é um movimento novo. É como se a gente se encontrasse pela primeira vez”, diz CRÉDITO: ANA LAURA CINTRA_2024
Originários, atuais e futuros
A MIC – Música Indígena Contemporânea – reúne as sonoridades tradicionais indígenas a gêneros do momento, como o rap e o funk
Pedro Tavares | Edição 214, Julho 2024
Um casebre de madeira com uma pequena varanda foi a primeira coisa que Sibelli de Carvalho Alves avistou depois de algum tempo atravessando uma densa floresta a pé. Na frente da casa, próximo de uma fogueira, um homem de cabelo preto muito liso, segurava uma cobra e lançava na cabeça do réptil a fumaça de seu cachimbo. Perto dele, havia outros três homens e uma mulher com uma criança no colo. Eram todos da mesma família e pareciam angustiados, como se tentassem transmitir, sem sucesso, uma mensagem. O homem com a cobra então se dirigiu a Carvalho, falando em uma língua que ela desconhecia. Depois, disse em português: “Jogue essa música no mundo, e então nós vamos chegar até você.” Ao ouvir a frase, Carvalho acordou.
Ela é cantora e compositora, tem 30 anos e acredita que esse sonho trouxe uma revelação para sua vida. Meses antes, havia escrito uma canção, Direito oficial, inspirada no seu trabalho de conclusão do curso de turismo no Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife. Com o título A imagem do indígena no Museu do Homem do Nordeste, o trabalho investiga como o público entende os povos originários depois de ver exposições sobre eles.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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