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    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024

esquina

Memória rebelde

As dificuldades para inaugurar o Museu Marinheiro João Cândido

Camille Lichotti | Edição 214, Julho 2024

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Aos 64 anos, Athaylton Jorge Monteiro Belo não tem a estampa de um homem rebelde. Frei Tatá, como é conhecido, usa óculos de lentes grossas que deixam seus olhos desproporcionalmente pequenos, coleciona fios brancos no cavanhaque, calça sandálias de duas tiras e fala num tom de voz quase inaudível. Na juventude, porém, pulava muros e janelas para fugir do seminário e juntar-se a reuniões noturnas do movimento negro. Desde então, dividiu-se entre a Igreja Católica e a militância – e várias vezes juntou as duas coisas.

Em 2007, com apoio de um grupo de padres, bispos e diáconos negros de todo o Brasil, conseguiu aprovar uma lei municipal em São João de Meriti, para a construção do museu dedicado à memória do marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, de 1910. Gaúcho de nascimento, Cândido passou as últimas quatro décadas de sua vida na cidade da Baixada Fluminense. O local escolhido foi uma casa do século XIX que pertenceu a um embaixador de Portugal – daí o nome do lugar onde está instalada: Morro do Embaixador. Do topo desse morro, avistava-se a Baía de Guanabara, palco da revolta dos marinheiros. A ideia era construir ali um mirante, integrado ao futuro museu.

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