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    “Eu não sei rezar muito bem, mas nesses dias me peguei rezando para essa terra voltar a ser o que era”, diz João Eulalio, agricultor de Abaré. “Espero que alguém, em algum lugar, me ouça.” Foto: Juliana Faddul

anais da crise climática

A vida nas primeiras cidades áridas do Brasil

Na divisa entre Bahia e Pernambuco, a desertificação está dificultando a produção de alimentos e matando plantas medicinais usadas por indígenas

Juliana Faddul, de Abaré (BA) | 24 jul 2024_08h18
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João Eulalio, 82 anos, obedece a uma rotina rigorosa. Desde a juventude, levanta todos os dias às 4h30, sem recorrer a galo ou despertador, e começa a trabalhar sua roça. “Consigo contar nos dedos as vezes em que não levantei a essa hora”, diz. Eulalio planta feijão, cebola, amendoim, mandioca e pastoreia caprinos. Na Comunidade Quilombola Curral da Pedra, em Abaré (BA), comenta-se que ele é “tão trabalhador que nem casou”. Mora até hoje com a irmã, de 74 anos, na casa de taipa onde passaram a infância e onde o pai também foi criado.

Curral da Pedra é uma das centenas de quilombos localizados no PeBa, como é conhecido o território entre o Sul de Pernambuco e o Norte da Bahia. Em Abaré, cidade de 17,6 mil habitantes, estruturas centenárias de taipa e alvenaria dividem espaço com bodes, ovelhas, carneiros e pequenas roças.

“Antes a terra aqui era muito boa. Tudo que plantava, brotava. Eu sigo fazendo como meus pais me ensinaram, mas agora a terra está estranha, não brota como antes”, diz Eulalio, enquanto manuseia uma enxada. “A qualidade do que plantamos, e que se torna comida nos nossos pratos, está pior. A quantidade de colheita está menor. Eu não sei o que está acontecendo.”

Eulalio pode não saber, mas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) sabem. Em novembro do ano passado, os dois institutos detectaram pela primeira vez a existência de clima árido no Brasil. A área afetada por esse fenômeno inédito é concentrada principalmente no sertão baiano e perpassa, de forma integral ou parcial, o território de doze cidades.

O Brasil, como ensinam os livros escolares, comporta seis tipos de clima: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlântico, subtropical e semiárido. Clima árido, como o do deserto do Saara, nunca existiu no país. Há uma razão para isso: a umidade produzida pela Amazônia forma um corredor que se prolonga até a Caatinga, “molhando” mesmo as regiões mais secas do Nordeste. Devido ao desmatamento acelerado da floresta, no entanto, a transferência de massa úmida tem sido cada vez menor. As chuvas, que já eram poucas, tornaram-se ainda mais raras nas cidades do semiárido. Os pesquisadores se referem a esse processo como desertificação. Sem receber água por longos períodos de tempo, o solo está se degradando a ponto de dificultar o crescimento de plantas típicas da Caatinga. Com isso, sofrem os animais e a agricultura humana.

A aridez detectada pelos pesquisadores se espalha por uma área de 5.592,6 km² aproximadamente quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Abaré, onde João Eulalio vive, já tem 34% de seu território degradado de forma crítica pela desertificação. É o maior percentual dentre os municípios atingidos. A lista é seguida por Chorrochó (23,6%), Macururé (14,5%), Juazeiro (10,9%), Sobradinho (10,89%) e Rodelas (10,67%). Aproximadamente 34% das terras baianas apresentam um nível de degradação entre crítico e moderado.

Para que os pesquisadores não sejam induzidos a falsas conclusões como, por exemplo, confundir o processo de desertificação com uma seca excepcionalmente forte , o levantamento compara imagens de satélites produzidas em intervalos de trinta anos. Assim é possível diferenciar as mudanças consistentes ao longo do tempo e as episódicas. Essa metodologia começou a ser aplicada nos anos 1960. Desde 2005, contudo, o governo federal não produzia um estudo com base nelas. Foi para superar essa defasagem que o Ministério do Meio Ambiente encomendou a nova análise.

 

A paisagem dos municípios desertificados não é como alguns podem imaginar: uma mundaréu de areia, com alguns poucos coqueiros e, aqui e ali, um oásis. São, em vez disso, pequenas cidades interioranas onde a vida segue de forma mais ou menos normal. Ainda há vegetação, mamíferos pastando e hortas com vegetais. Pessoas mais sensíveis sentem ressecamento nos lábios e nas mãos, como em Brasília nos momentos mais duros da seca anual.

“O processo de aridenização não acontece da noite para o dia. É um processo contínuo, lento, que dura décadas”, explica Ana Paula Cunha, uma das pesquisadoras do Cemaden que assinam o estudo. Os primeiros sinais da aridez são invisíveis ao olho humano, porque acontecem debaixo do solo. Terras outrora férteis passam a render colheitas menores, devido à falta de água.

O que mais preocupa os especialistas é o impacto que isso pode ter sobre a produção de alimentos. Os municípios que apresentam os maiores índices de aridez são exportadores de frutas coco, manga, melancia, uva. A colheita abastece supermercados europeus e movimenta a economia baiana, garantindo a subsistência de milhares de famílias. Além dos quilombolas, habitam o Peba grupos indígenas, assentados e comunidades de fundos de pasto (uma organização característica do interior da Bahia, que consiste em diferentes famílias cuidando de um pasto comum para criação de caprinos e ovinos). 

“Nós podemos sofrer do ponto de vista econômico e da segurança alimentar, além de lidar com ondas de processos migratórios da zona rural para os centros urbanos”, diz Alexandre Pires, diretor do Departamento de Combate à Desertificação do ministério. Em parte por causa dessa preocupação, ele e os demais pesquisadores frisam que clima árido não é sinônimo de deserto. A ressalva é importante, dizem, para não causar alarde e, com isso, prejudicar ainda mais a produção local. A pecha de “deserto”, além de promover um marketing ruim para os agricultores, poderia acarretar mal-entendidos. “Mesmo dentro do ministério ouvi uma pessoa dizer: ‘Já que há uma região que está virando deserto, podemos instalar estruturas gigantescas de energia solar lá’”, exemplifica Pires. “Isso seria uma aberração sem tamanho.”

Desertos são ambientes formados de maneira espontânea por condições naturais ao longo de centenas ou milhares de anos. Já as terras desertificadas, que estão se expandindo pelo semiárido brasileiro, são produto do clima e da ação humana. Além da perda de umidade proveniente da Amazônia, a região do PeBa tem se degradado por causa do modelo de agricultura irrigada aplicado ali. Segundo os pesquisadores, a fruticultura usa muita água, o que acaba por “lavar” o solo e remover sua matéria orgânica. A terra vai progressivamente perdendo nutrientes e se tornando improdutiva.

Fora os 5 mil km² onde foi detectado clima árido, há outros 28 mil km² de terras suscetíveis à desertificação no Brasil. Trata-se de um problema de grande magnitude, que afeta diferentes instâncias de poder (estados, municípios, União), mas que ainda não motivou políticas públicas à altura. A Casa Civil e o Ministério do Meio Ambiente estipularam, no começo do ano, um orçamento de apenas 5 milhões de reais para políticas de combate à desertificação. Como o cobertor é curto e o Congresso pressiona as contas do governo, o valor foi reduzido mais tarde para 4 milhões de reais. É o equivalente a dois meses de gastos da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Nova Iguaçu (RJ).

Uma das iniciativas custeadas com esse parco orçamento foi o 2º Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, evento organizado pelo governo federal em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional (Fadurpe), instituição que fomenta pesquisas científicas. O encontro foi realizado nos dias 8 e 9 de abril em Paulo Afonso, cidade localizada no extremo Norte da Bahia, na fronteira com Pernambuco.

A piauí acompanhou o evento. Compareceram representantes do poder público, empresários, lideranças de movimentos sociais e integrantes de ONGs ambientalistas. Parecia tudo menos um encontro formal. “Um passo para frente e já não estamos no mesmo lugar”, entoaram os presentes a certa altura. De mãos dadas, formavam uma ciranda na quadra poliesportiva de uma escola técnica. Indígenas cumprimentavam secretários municipais de infraestrutura, acadêmicos abraçavam agricultores, assentados cumprimentavam empresários.

Apresentações feitas, os participantes caminharam até um salão onde John Elton Cunha, professor e pesquisador do Observatório da Caatinga e Desertificação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), apresentou um panorama técnico e social da desertificação. Depois do almoço, os cerca de setenta convidados foram divididos em cinco grupos. Cada um incluía ao menos um representante do poder público, um integrante de movimento social e um representante da iniciativa privada. Com essa formação diversa, os grupos tinham a missão de discutir iniciativas a curto, médio e longo prazo que fossem benéficas para todos. Para isso, foram municiados com cartolina e canetinhas. Desses rabiscos coloridos resultaram, mais tarde, relatórios técnicos detalhados, com tabelas e gráficos, orçamentos e propostas, que foram entregues aos representantes do Ministério do Meio Ambiente. 

“É preciso um pouco mais de ousadia e ambição por parte do governo para, de fato, a gente ter ações que contenham a desertificação nesses próximos vinte anos”, afirma Pires, ao explicar a dinâmica pouco ortodoxa do encontro. Antes de ser nomeado pela ministra Marina Silva, Pires coordenou a ONG Centro Sabiá e fez parte da coordenação executiva da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), duas organizações que são pioneiras no combate à desertificação no Brasil. Por isso, diz estar acostumado com “cirandas”. “Parece besteira, mas ajuda a quebrar o gelo e, principalmente, a evitar confusão.”

Os relatórios estão sendo avaliados e devem subsidiar outro evento, esse mais formal: a Conferência das Partes (COP-16) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. Trata-se de uma reunião organizada pela ONU, da qual participam 192 países, entre eles o Brasil. A próxima edição está marcada para dezembro, na Arábia Saudita. “Precisamos fazer uma ponte com outros países para tratar de questões técnicas do solo, mas também de índices sociais, como os efeitos disso no PIB. É um desafio nacional”, diz Cunha. “O clima mudando, muda a produção agrícola. Mudando a produção agrícola, mudam as cidades e a economia do país”, ele prossegue, enquanto desliza o dedo sobre um mapa de calor que mostra a degradação ambiental do sertão.

 

“Me mostraram o mapa e, de repente, vi nossa comunidade no estado crítico, vermelho. Me desesperei porque, meu Deus, é muito pior do que a gente imaginava”, diz a cacica Cicera Pankará, de 42 anos, cujo território fica no município de Itacuruba (PE), na divisa com a Bahia. “A gente vem tentando, vem fazendo um trabalho de conscientização tanto com o nosso povo como com os povos que estão próximos à gente, e aí vê uma coisa dessas. É triste demais.”

A cacica conta que, antes de conhecer o mapa de calor, já sentia que a rotina de sua aldeia havia mudado. “Quem estava acostumado a trabalhar num determinado horário, agora vai duas horas mais cedo para evitar a quentura do Sol.” Há cerca de quatro anos, Cicera, percebendo que plantas típicas da Caatinga estavam sumindo da paisagem, promoveu um projeto de reflorestamento. “Estávamos com problema em encontrar até nossas plantas medicinais. Algumas espécies as novas gerações nunca tinham visto”, relembra, fazendo pausas para baforar um cachimbo. “Estávamos com dificuldade de encontrar a jurema. A jurema!” A acacia jurema, como foi batizada pelos cientistas, é um tipo de planta comum no Nordeste brasileiro. Há diferentes espécies dela, algumas das quais produzem efeitos psicoativos em quem as consome. Na cosmologia de muitos grupos indígenas, a jurema tem poderes espirituais. “É dela que a gente tira a nossa força, que a gente faz a cura que nos fortalece tanto espiritualmente como fisicamente. E ela também resolve muitas doenças”, diz Cicera, que, no cachimbo, queimava uma jurema. O reflorestamento da região recebeu ajuda de ONGs e universidades públicas. 

Lourivaldo Cruz da Silva, de 54 anos, dá relato semelhante. Segundo ele, indígena da etnia Tuxá e técnico agrícola, plantas que um dia foram abundantes no semiárido hoje são difíceis de achar. É o caso de espécies como juazeiro, facheiro, aroeira, umburana, quixabeira, pau-ferro, marmeleiro e umbuzeiro. 

A gastronomia da região teve de se adaptar. O doce de cafofa, um dos mais populares na região do PeBa, vem sumindo aos poucos da culinária local. Seu principal ingrediente é a “batata” do umbuzeiro, que fica na raiz da árvore e serve como um reservatório de água. Como há poucos umbuzeiros disponíveis, a receita ficou prejudicada. “Doce de cafofa era o meu doce favorito, mas só de pensar que já me lambuzei nele fico com raiva de mim”, diz Silva, amargurado. Ele é coordenador de meio ambiente na Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Rodelas. O sumiço das plantas consta nos relatórios que sua aldeia envia à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Lourivaldo da Silva, técnico agrícola que vive em Rodelas (BA) — Foto: Juliana Faddul

 

Segundo o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, produzido pelo Mapbiomas, a Caatinga foi o segundo bioma mais desmatado em 2022. Com 18,4% dos alertas de desmatamento e 6,8% da área total devastada (140.637 hectares), só ficou atrás da Amazônia. O dado ganha contornos mais tristes quando se considera que a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. “Se você olha o planeta e segue a mesma latitude da Caatinga, você só encontra desertos. Mas no Brasil a gente tem as duas bombas bióticas – no caso, a Mata Atlântica e a Amazônia que levam umidade para a Caatinga”, explica Ana Claudia Costa Destefani, secretária executiva da Rede para Restauração da Caatinga. “Por isso somos o único semiárido do mundo que não é nômade.”

De acordo com o IBGE, o Brasil tem 844.453 km² de Caatinga, o que equivale a 9,9% do território nacional. A área suscetível à desertificação, contudo, não está só nesse bioma. O relatório produzido pelo Inpe e o Cemaden aponta uma tendência de aumento da aridez em todo o país, sendo a região Sul a única exceção. A explicação para isso está no aquecimento global. Como as temperaturas estão cada vez mais altas, a evaporação da água tem sido mais volumosa no país. Vários biomas, consequentemente, estão se desidratando.

A chuva, no entanto, não desaparece. Em vez disso, tem sido direcionada para o Sul e parte do Sudeste. Esse é o quadro da crise climática no Brasil: enquanto algumas regiões se desertificam, outras têm de suportar temporais cada vez mais intensos. “Os modelos do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] preveem que, enquanto o restante do país ficará mais seco, o Sul ficará ainda mais úmido. Isso já é um consenso entre cientistas”, afirma Javier Tomassella, pesquisador do Inpe que coordenou o estudo.

Um grupo de cientistas do Imperial College London atestou que a enxurrada que atingiu o Rio Grande do Sul este ano foi agravada pela ação humana. Os modelos estatísticos apontaram que o volume anormal de chuva foi causado pelo El Niño, mas intensificado pelo aumento de 2ºC na temperatura do planeta desde os tempos pré-industriais. “Esse é o padrão no futuro: maior frequência de chuvas no Sul do Brasil e mais seca no Nordeste”, afirmou Lincoln Muniz Alves, pesquisador do Inpe que assinou o artigo científico ao lado de outros doze pesquisadores da Inglaterra, da Holanda e dos Estados Unidos. 

Entre abril e julho, dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, 475 foram atingidos pelas fortes chuvas, que deixaram ao menos 182 mortos e 580 mil desalojados. As tempestades também estão se tornando mais comuns e poderosas no litoral sudestino, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro. De um dia para o outro, em fevereiro do ano passado, desabaram 682 milímetros de chuva sobre São Sebastião (SP) volume que, de acordo com os institutos de meteorologia, foi o maior da história num intervalo de 24 horas. O recorde anterior havia sido batido em 2002, em Petrópolis, com 534 milímetros.

“Aqui, onde você pisa, brota água. Água sai do céu e da terra. Era para ser bom, com tanta gente precisando de água, mas para a gente é assustador”, diz, pisando com força no chão, o fotógrafo Robson Caetano Santos, de 29 anos. Ele mora na Vila Sahy, uma comunidade pertencente ao município de São Sebastião onde moram mais de setecentas famílias, segundo estimativa da associação de moradores. A maior parte das residências foi construída em áreas irregulares, o que acarreta desabamentos em dias de chuvas torrenciais.

“Pense em lugares onde há terremoto, furacão, tsunami. Os caras dos Estados Unidos e do Japão soltam anúncios para as pessoas se prepararem, têm bunkers”, diz Maxwell Souza, tenente da Defesa Civil. “Um americano vê um tornado e não pensa ‘ah, vou lá brincar’. É a mesma coisa com as crianças brincando na chuva: elas têm que entender que chuva, aqui, é catástrofe.” 

São Sebastião é a imagem invertida de Abaré. Na ausência de chuva, João Eulalio teme que a terra eventualmente se torne incultivável. Seria o fim de uma longa linhagem de produtores daquela região da Caatinga. Os jovens, ele diz, não se interessam mais pelo trabalho na roça. Preferem viver nos centros urbanos do PeBa, ocupando cargos no funcionalismo público ou em pequenas empresas que vendem acessórios para celular. “E quem conhece dessa terra não está mais aqui”, lamenta Eulalio, referindo-se aos antepassados.

“Eu não sei rezar muito bem, mas nesses dias me peguei rezando para essa terra voltar a ser o que era”, diz o veterano. “Espero que alguém, em algum lugar, me ouça.”

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