Sinais da educação: a gestão privatizada em duas escolas derrubou o número de professores concursados. Numa, caiu de 22 para 14. Em outra, de 18 para 8. É menos que a média nacional CRÉDITO: BETO NEJME_2024
O experimento
O Paraná abre as portas das escolas públicas para empresas privadas
Felippe Aníbal | Edição 216, Setembro 2024
O burburinho dos alunos do terceiro ano do Colégio Estadual Anita Canet, no Paraná, levou a professora de matemática Leticia Fernanda Lecy Rocha a interromper a explicação que dava sobre juros e pedir silêncio aos alunos. De nada adiantou. Eles continuaram a falar em voz alta, a tensão na sala aumentou, e a professora de 26 anos teve uma crise de pânico. Começou a chorar na frente dos alunos. Rocha contou o episódio para a direção da escola, que fica na cidade de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela diz que, em vez de ser acolhida, foi repreendida. “A diretora foi supergrossa comigo, como se desse a entender que, se eu não estava conseguindo dar aula, que largasse”, afirma Rocha à piauí.
Menos de um mês depois, em 7 de julho do ano passado – último dia letivo antes das férias –, Rocha estava no meio de uma aula quando sentiu uma dor aguda. Correu ao banheiro e constatou que estava tendo um sangramento. Ficou apavorada: um mês antes, ela tinha descoberto que estava grávida. A professora então avisou à direção que precisava deixar a escola e telefonou para o marido, que foi buscá-la. Ela perdeu o bebê. Em 20 de julho, quando se reapresentou no trabalho, ao fim das férias, foi demitida.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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