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    As montanhas nevadas, em fotografia feita pela autora durante voo entre Vancouver e Portland: no último Carnaval no Rio, um passeio – de biquíni e purpurina – no Aeroporto Santos Dumont CRÉDITO: DÉBORA THOMÉ_2023

história pessoal

“Atravessar as nuvens virou um suplício”

Um relato sobre como nasce o medo de voar – e como ele desaparece

Débora Thomé | 26 set 2024_17h43
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Na piauí deste mês, Debora Thomé conta como superou seu medo de viagens aéreas. O trauma surgiu alguns anos depois que seu pai, aos 50 anos, perdeu a vida no Boeing da Gol que se chocou com um jato Legacy nos ares em 2006. Os destroços foram encontrados no interior de Mato Grosso.

“Depois que meu pai morreu, voei mais um tempinho em paz”, ela conta. “Mas quando meus dois filhos nasceram, em 2008 e 2011, algo mudou: atravessar as nuvens virou um suplício.” Thomé começou a viajar sempre com um calmante natural ao alcance da mão, levava livros, filmes e arranjava todo tipo de estratégia para enfrentar o voo, mesmo que de apenas uma hora. “Passei a ter dificuldade para dormir antes de voos, a dar as mãos para estranhos em pleno ar, a ter crises de ansiedade. Nos anos que vieram, bastava pisar no aeroporto, para ser acometida por uma dor de barriga que me levava às pressas, com mala e tudo, para o banheiro mais próximo. Era uma nova sensação de pavor.”

Certa vez, voltando de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, ela agarrou a mão de um senhor português quando o avião deu um salto. “Ele tinha uns olhos azuis profundos, como o meu pai”, lembra Thomé. “E me disse: ‘Minha filha, fique tranquila, essas coisas não caem.’ Respirei fundo e continuei de mãos dadas mais um pouco; esperei o avião pousar. Em seguida, respondi: ‘Caem sim.’”

Foi a partir do crescimento dos seus filhos – e do amor que eles foram adquirindo pelos aviões e pelas viagens, como outros membros de sua família – que as coisas voltaram a mudar para Thomé. “A verdade é que sempre houve um bicho carpinteiro aqui dentro que me levou a nunca deixar de voar. Atravessar as nuvens, passar frio, passar calor, cruzar os oceanos, ver gente com outras caras, falando outras línguas. Nada me parece mais encantador.”

Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.

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