Alves (de óculos escuros) e Turnowski, na sede da Polícia Civil, no Rio: as mensagens de WhatsApp sugerem que os dois também conheciam a fundo os esquemas corruptos de outros delegados CRÉDITO: REPRODUÇÃO
A vida bandida de dois delegados da polícia do Rio
Dossiê revela a escandalosa infiltração do crime nas estruturas do Estado
A piauí obteve acesso exclusivo à íntegra dos diálogos trocados via WhatsApp por dois poderosos ex-delegados da Polícia Civil, que mostra o tamanho da infiltração do crime nas estruturas do Estado, no Rio de Janeiro. O dossiê de 7 360 páginas, com as transcrições das mensagens trocadas por Allan Turnowski e Maurício Demétrio Alves, entre fevereiro de 2018 e junho de 2021, traz em detalhes como os dois homens montaram uma extensa teia de corrupção e de relações com o crime organizado, informa Allan de Abreu.
O caso toma proporção ainda mais escandalosa devido ao fato de Turnowski ter sido diretor da Polícia Civil na cidade do Rio de Janeiro, além de secretário da Polícia Civil, o cargo mais alto da instituição no estado. Contando com a proteção do amigo poderoso, Alves conseguiu acessar ilegalmente o inquérito sobre a morte da vereadora Marielle Franco e até criou operações policiais com provas forjadas para prender delegados da própria Polícia Civil que ousavam investigar as suas tramoias.
As trocas de mensagens entre Alves e Turnowski não se limitam aos planos criminais. Mostram que os dois também gostavam de falar sobre despesas caras. Quando Alves viajou para Miami, em primeira classe, com a mulher e os filhos em junho de 2018, o amigo lhe deu um conselho: “Não seja maldoso com a tua família, cara. Só malinha de mão, eles compram tudo lá, pô. Vestido, camisa, sapatos novos… sem miserê, guru!” Em janeiro do ano seguinte, Alves retornou a Miami, hospedou-se no W South Beach, hotel cinco estrelas, alugou um automóvel de luxo da Bentley e provocou o amigo: “Tá fogo de voltar.”
Alves foi preso em 2021 e Turnowski, em 2022, depois de atuarem em parceria durante quase quatro anos. Alves é réu em nove ações penais. Em uma delas, já foi condenado a quase dez anos de prisão por obstrução da Justiça, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Até o fim de setembro, ele seguia preso preventivamente no presídio de Bangu 8, em uma cela de 6 m².
Turnowski é réu em duas ações penais, acusado de associação criminosa. Em uma das denúncias, os promotores do Gaeco, o grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público, escreveram: “Allan Turnowski manchou de forma indelével a própria imagem e a credibilidade da instituição que liderou.” Apesar da mancha, Turnowski preserva seu poder político na corporação policial. A ponto de, em setembro passado, ter atuado nas articulações que culminaram na nomeação de um aliado para a Secretaria da Polícia Civil: o delegado Felipe Curi.
Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.
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