REINALDO FIGUEIREDO_2024
Podcast defende o humor com a ajuda de Machado
Ricardo Araújo Pereira recorre ao escritor para explicar aquilo que nem edifica nem destrói
| 29 nov 2024_11h13
Em seu podcast Coisa que não edifica nem destrói, para construir uma visão ampla do sentido da comédia, o humorista português Ricardo Araújo Pereira recorreu a ninguém menos que Machado de Assis. Na piauí deste mês, André Boucinhas explica como o programa utiliza uma série de técnicas e estratégias narrativas consagradas pelo autor de Memórias póstumas de Brás Cubas – do qual, aliás, foi extraído o título do podcast.
“No primeiro episódio, Araújo Pereira faz referência a essa alusão, explicando que se trata de uma boa síntese do que pensa sobre o humor: uma coisa que nem edifica nem destrói”, escreve Boucinhas. “Ainda que volte a falar do escritor brasileiro somente uma vez, de passagem, a influência dele se faz sentir do começo ao fim – e nos ajuda não só a identificar o tom adotado pelo podcast, mas também a compreender melhor alguns de seus objetivos.”
A primeira temporada de Coisa que não edifica nem destrói foi apresentada entre setembro de 2023 e janeiro deste ano. A segunda começou no mês passado.
Boucinhas observa que o humor, nos últimos vinte anos, começou a ocupar um espaço cada vez maior na sociedade. Os talk shows comandados por comediantes se multiplicaram nos Estados Unidos e passaram a influenciar o debate político. Também no Brasil muitos humoristas são considerados porta-vozes de determinadas bandeiras políticas. Esse novo contexto produziu certa vigilância em relação às mensagens das piadas e ao posicionamento político dos humoristas. “Humor que perpetua opressão precisa ser silenciado”, dizem uns. “Fazer graça com a minha crença é crime!”, alertam outros. Em comum, ambos têm o desejo secreto (por vezes nem tão secreto assim) de cercear o humor.
No podcast, Araújo Pereira, de modo mais ou menos explícito, aponta a irracionalidade desse policiamento por meio da exposição da natureza do humor.
Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.