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    Religiões trocadas: “Tive que aprender o Pai-Nosso”, conta a muçulmana Wafa’a Celine Halawi, que interpreta uma cristã no filme; Charbel Kamel, que é cristão, precisou aprender o Corão CRÉDITO: PIERRE DE KERCHOVE_MATIZAR FILMES_2022

questões de cinema e de dor I

Relato de uma certa tragédia

Um filme reflete sobre a situação dos libaneses, dos indígenas e dos desterrados de todo o mundo

Consuelo Dieguez | Edição 219, Dezembro 2024

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A atriz libanesa Wafa’a Celine Halawi, protagonista do filme Retrato de um certo Oriente, do diretor pernambucano Marcelo Gomes, olhou a chamada na tela do celular e, desculpando-se em português, pediu licença para atender. “É minha mãe”, disse. Em francês, ela iniciou um breve diálogo com a mãe, quase sussurrando. Pela sua expressão, tratava-se de um assunto tenso e triste.

A mãe se encontrava em Beirute, a mais de 10 mil km da ampla sala de estar da casa colonial em Paraty onde Halawi estava hospedada. A atriz chegara ao Brasil no começo de outubro para participar de um festival de cinema no Rio e fora em seguida para a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), onde participou de debates sobre o filme. O que, para ela, seria uma relaxante imersão na vida cultural brasileira se transformou numa temporada de ansiedade e medo. Assim que Halawi deixou seu país, bombas israelenses começaram a cair sobre várias aldeias, ao mesmo tempo que as Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciavam um ataque por terra ao Sul do Líbano, numa ação contra o braço armado do grupo político Hezbollah.

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