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    Carlos Prazeres, de vermelho, durante espetáculo da Osba que homenageou a axé music e o Trio Elétrico. Com ele, Carlinhos Brown e Luiz Caldas FOTO: Divulgação/Orquestra Sinfônica da Bahia

vultos da música

“Eu escuto Bach e Resenha do Arrocha

Como o maestro Carlos Prazeres mudou a Orquestra Sinfônica da Bahia

Felipe Fernandes, de Salvador | 17 mar 2025_08h42
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Os sessenta músicos já estavam todos sentados em seus lugares, lustrando e afinando seus instrumentos quando Carlos Prazeres, de 51 anos, desceu as escadas do Cine Teatro Solar Boa Vista, no bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, na manhã de quinta-feira, 20 de fevereiro. Usando um mocassim branco gelo, calça quadriculada de alfaiataria e camiseta preta gola careca justa o suficiente para que todas as tatuagens do seu braço ficassem à mostra, o maestro regente da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) chegava para um dos últimos ensaios antes da apresentação em homenagem aos quarenta anos do Axé e os 75 anos do Trio Elétrico que aconteceria no sábado seguinte, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

Apressado, o maestro subiu em uma pequena estrutura preta de madeira e puxou para si a estante com as partituras. “Vamos lá?”, disse aos músicos. Ao final da contagem, os instrumentos de sopro começaram dando os acordes iniciais à medida que a batuta do regente se movia no ar. Foram acompanhados pela percussão, seguidos da banda, e por fim, pelos violinos. Nota a nota, o que se ouviu foram os acordes de Pau que Nasce Torto: “Pau que nasce torto nunca se endireita/ Menina que requebra a mãe pega na cabeça/ Domingo ela não vai (vai, vai)/ Domingo ela não vai não (vai, vai, vai).”

O sucesso dos anos 1990 da banda de pagode baiano É o Tchan! foi emendado em um medley com Dança da Cordinha (Passa negão/Passa loirinha/Quero ver você passar/ Por debaixo da cordinha), outro sucesso do grupo. As duas músicas figuravam entre as vinte do repertório da sétima edição do Baile Concerto, a apresentação da Sinfônica que acontece desde 2018 na mesma Concha Acústica poucos dias antes do Carnaval. O setlist teve ainda Haja Amor (Luiz Caldas) e Milla (Tuca Fernandes e Manno Góes, consagrada por Netinho), todas arranjadas como se fossem sinfonias de Bruckner, Messiaen ou Berg. “O diferente é que as músicas ganham uma grandiosidade de espetáculo”, afirmou Manno Góes, compositor e diretor artístico do show.

No sábado, dia da apresentação, Carlos Prazeres subiu ao palco por volta das sete da noite. Diferentemente das filarmônicas mais ortodoxas, cujos maestros utilizam indumentária característica, com casacas, gravatas-borboleta e sapatos bem engraxados, Prazeres chegou descalço e com uma bata vermelha, adornada com detalhes de aviamento dourado e o símbolo do grupo musical baiano Olodum nas costas e no peito. A fantasia ficava amarrada na cintura por um cinto preto da grife francesa Hermès. 

Ao longo do espetáculo, nomes importantes da música, como Margareth Menezes (ministra da Cultura), Carlinhos Brown, Gerônimo, Banda Mel e Armandinho Macêdo, se juntaram ao maestro e aos integrantes da Osba. Ao terminar de cantar Selva Branca (Carlinhos Brown e Vevé Calasans) e Beija-flor (Xexéu e Zé Raimundo), Brown enalteceu seus amigos da orquestra e emendou: “Essa instituição é necessária para a manutenção da educação em música não só do Brasil, mas do mundo.” Menezes, que cantou as faixas Faraó (Divindade do Egito), Uma História de Ifá (Elegibô) e Dandalunda, afirmou à piauí que a ideia de Prazeres de realizar concertos com repertórios populares tem atraído pessoas que jamais assistiriam a uma Sinfônica. “Quando se fala em orquestra, passa ao povo a ideia de algo distante. Mas ela pode tocar de tudo, só depende da verve do maestro.”

Após a apresentação, Prazeres refugiou-se no camarim. Foi um dos últimos a deixar a Concha Acústica. Quando a piauí chegou, encontrou o maestro ainda emocionado com o coro de 5 mil pessoas que assistiram de pé às quase 2 horas de performance. Antes de encerrar, ele fez um apelo ao público. “Migrem para os nossos concertos clássicos, por favor. É uma orquestra que orgulha o seu povo. Nem Filarmônica de Berlim chega aos pés”

Incorporar os hits do axé ou celebrar cantores bregas como Reginaldo Rossi e Wando, como Prazeres fez em um concerto realizado em janeiro, também em Salvador, são ideias que não surgiram repentinamente. Elas foram maturadas com o tempo por alguém cuja formação musical extrapola os limites da música clássica e que opta – para o desespero de alguns eruditos – por uma nova forma de conduzir a orquestra. “Eu escuto Bach e Resenha do Arrocha”, resume Prazeres. 

Herdeiro e ex-regente assistente da Orquestra Petrobras Sinfônica (Opes), fundada no Rio de Janeiro em 1972, pelo seu pai, o maestro Armando Prazeres, Carlos não ouvia nada que tocava nas radiolas de ficha. “Nunca passou pela minha cabeça fazer outra coisa além da música clássica. Meus pais colocavam Beethoven o tempo todo em casa. Fui descobrir quem era Madonna em uma aula de inglês na escola.”

Carioca, viveu boa parte da infância e adolescência na Tijuca, Zona Norte do Rio, ainda que tenha morado por um período curto na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, onde estavam boa parte dos seus amigos – todos “surfistas e playboys”, diz Prazeres. Ele e seu irmão Felipe, três anos mais novo, eram alvo de chacota por gostarem de música clássica e frequentarem a orquestra. “Nunca fui rico e nunca vou ser, mas cresci numa bolha”, pondera. 

Seguir o caminho paterno foi natural. A graduação na Unirio em música, iniciada em 1994, teve como especialidade o oboé, um instrumento de sopro que faz parte da família das madeiras, quase um irmão da flauta e do clarinete. Três anos depois, conseguiu uma bolsa de estudos na Academia Filarmônica de Berlim, onde ficou até o início dos anos 2000 e fez um curso de regência. 

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Carlos voltou ao Brasil para terminar a graduação e também para cuidar da família, já que seu pai havia morrido no ano anterior em um sequestro relâmpago no bairro de Laranjeiras, Zona Sul do Rio. De volta ao Brasil, foi contratado para ser oboísta da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal da cidade (OSTM) e maestro assistente de Isaac Karabtchevsky, sua grande referência até hoje, na Orquestra Petrobras Sinfônica. 

Em 2011, assumiu a Orquestra Sinfônica da Bahia, a convite de Moacyr Gramacho, diretor do Teatro Castro Alves na época. A adaptação ao novo emprego não foi das mais fáceis. “Eu tinha a vida que pedi a Deus no Rio. Vim muito carioca ainda. Fazia meus concertos e na quinta-feira metia o pé de volta.” Ainda assim, a mudança para a Bahia marcou um ponto de inflexão na carreira do maestro. Foi no novo cargo que ele passou a vislumbrar um jeito diferente de comandar uma sinfônica – em um equilíbrio entre vontade própria e necessidade profissional. 

O maestro percebeu que precisaria inovar caso quisesse aumentar o público da sinfônica baiana. Ele começou a conversar mais com a plateia e explicar conceitos técnicos aos espectadores. E, claro, criou novas formas, sobretudo de repertório. Uma delas foi o Cine Concerto, de 2013, uma apresentação de trilhas sonoras de grandes filmes, como The Raiders March, de Indiana Jones e os caçadores da arca perdida (1981), feita pelo maestro norte-americano John Williams. Os instrumentistas se apresentavam fantasiados e, entre uma música e outra, o maestro explicava conceitos técnicos da sinfonia, como acordes e estrutura harmônica. “Eu fazia quase que um stand-up comedy. Ali foi o pontapé inicial”, lembra. Em uma das edições, ele subiu ao palco vestido de Coringa, o vilão do Batman. 

Prazeres tinha a teoria de que o público da orquestra iria crescer “só pelo fato de [eu] começar a olhar nos olhos e conversar com eles”. O aumento no número de espectadores, de certa forma, validou sua tese. No ano em que o projeto foi inaugurado, o público anual foi de 64 mil pessoas, superior aos 41 mil espectadores da temporada anterior, e quase três vezes maior em relação ao ano em que assumiu (25 mil). 

Apesar do início promissor, um problema rondava seu trabalho: a falta de recursos. A questão era antiga dentro da organização. Pouco antes de deixar o cargo, seu antecessor, o maestro Ricardo Castro, havia iniciado uma mudança administrativa na orquestra. A ideia era que a gestão feita pela Secretaria de Cultura do governo estadual baiano fosse compartilhada com uma organização da sociedade civil, algo como uma concessão temporária. A alteração do regimento possibilita, entre outras coisas, a captação de recursos da iniciativa privada por meio de patrocínios diretos. É um movimento semelhante ao que foi feito pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), administrada pela Fundação Osesp desde 2005.

Com o tempo, a mudança no regimento – finalizada apenas em 2017, quando a Osba passou ao controle da Associação Amigos do Teatro Castro Alves – se mostrou fundamental. Mas em 2014, antes do novo regime entrar em vigor, a situação degringolava. Sem dinheiro, o número de músicos foi reduzido. Com menos profissionais e redução dos espetáculos, o público minguou. Dos 47 mil em 2014, caiu para 32 mil no ano seguinte. Em 2016, nova queda: 31.730 presentes. Na imprensa baiana, cogitou-se o fim definitivo da orquestra, o que nunca aconteceu. “Foi o momento em que eu repensei se vir para a Bahia tinha sido a escolha certa”, afirmou Prazeres.

A partir de 2017, quando a alteração administrativa foi concluída, a situação da orquestra melhorou paulatinamente. Naquele ano, por exemplo, a captação de recursos privados foi de 112 mil reais. Em 2024, o valor saltou para 1,5 milhão de reais. Outra mudança estrutural ocorreu no regime de contratação dos músicos. No ano da alteração regimental, a Osba tinha 54 músicos, sendo 44 estatutários (servidores públicos) e 10 temporários. Atualmente, são 64 profissionais, sendo 26 estatutários e 38 contratados com registro em carteira pela Associação Amigos do Teatro Castro Alves. A orquestra tem um custo anual de 13 milhões de reais.-

 

Cerca de 65 mil pessoas assistem à Osba por ano, em média. Além de um fã clube, o Osbafã, criado pela turismóloga Daniele Tanure em 2018. “Vim pela primeira vez para assistir ao Cine Concerto por indicação de uma amiga. Encontrei outras pessoas que também gostavam, e nos juntamos”, disse ela. “Ele [Prazeres] contextualiza o autor, a obra e em que momento ela foi criada. Em sete anos já aprendi bastante coisa, como não bater palma entre os movimentos, para não atrapalhar a concentração dos músicos. Mas o maestro gosta: sabe que é gente nova chegando”, disse. Entre os membros do fã-clube, Prazeres é chamado de “maestro crush”. O termo foi incorporado pela orquestra, que usa a expressão “público crush” no Instagram para perguntar aos espectadores quais músicas eles querem ouvir nos concertos.

Mas há quem torça o nariz para tantas mudanças. O flautista Antônio Carlos Portela, de 62 anos, praticamente viu a orquestra nascer. Tocou pela primeira vez na Osba em 1983, um ano depois de sua fundação. Permanece até hoje. “Se você me perguntar se eu queria estar tocando Beethoven, vou te dizer que sim. Foi o que eu estudei a vida toda. Mas é o trabalho. Aqui nós somos instrumentos”, afirmou à piauí

Ricardo Castro, o antigo regente, foi mais ácido em uma publicação nas redes sociais há dois anos quando criticou o concerto intitulado OsBrega, similar ao realizado em janeiro. “Quando uma orquestra sinfônica estadual, depois de conquistar milhões inéditos para seu orçamento e poder contratar músicos excelentes, escolhe esse ‘título’ para promover um concerto que poderia ser tocado melhor por ‘Lairton e Seus Teclados’, estamos certamente entrando em um círculo do inferno nunca dantes visto neste país”, ele escreveu. Questionado pela piauí, o maestro preferiu não tecer novos comentários sobre a gestão de Prazeres. Castro comandou a Sinfônica entre 2007 e 2011 a convite do ex-governador petista Jaques Wagner. Em relatórios de gestão disponíveis em seu próprio site ele se vangloria de ter contratado duas dezenas de músicos, de ter criado a primeira logomarca da Osba e da interiorização da orquestra, com apresentações em cidades como Santo Amaro, Valença, Jequié, Vitoria da Conquista, Ilhéus, Itabuna e Camaçari.

Das críticas que Prazeres recebe, a mais comum é a de que é fácil ser pop quando se deixa de reverenciar os clássicos. Ele responde: “Não me lembro de uma orquestra nesses últimos anos que fez um concerto de Alban Berg para violino. Nós fizemos [em 2023]. Você escuta o cara e não sai cantando nenhuma melodia. É difícil”, ponderou. “Existem orquestras no Brasil que se dedicam quase que exclusivamente a um repertório popular, como a Orquestra de Ouro Preto, por exemplo. A gente não.”

Das cerca de cinquenta apresentações que a Sinfônica da Bahia realiza por ano, a maior parte permanece sendo de música erudita. Apenas cinco ou seis shows são dedicados aos gêneros populares. “É uma isca. Uma forma de continuar trazendo a sociedade para perto”, diz o maestro. 

Além da apresentação com canções de axé music, ele também promoveu um espetáculo com repertório brega, em Salvador, um mês antes do Carnaval. Mãeana, cantora carioca conhecida pelo seu projeto de covers que mistura a bossa nova de João Gilberto com o piseiro de João Gomes, foi uma das solistas do concerto da sofrência. “Enxergo uma relação muito grande entre o meu trabalho e o do maestro: na coragem, na ousadia de misturar. É a cara da Bahia”, disse ela à piauí. Além de Rossi e Wando, o repertório teve ainda Porque Homem Não Chora (Roni dos Teclados), Infiel (Marília Mendonça) e Só Fé (Grelo). 

Violinista de 24 anos, Edivonei Gonçalves é um dos caçulas do grupo de músicos que compõem a Osba, a maioria deles formados na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Entrou em dezembro passado. “Antes, quando eu tocava em São Paulo, eram sempre as mesmas pessoas que iam assistir aos concertos. Aqui em Salvador a gente fura a bolha”, contou. Mesmo com os shows disruptivos, o primeiro concerto do calendário da Sinfônica de 2025 na Casa Salvatore, no bairro do Cabula, em meados de março, foi uma ode à tradição com as performances de La Valse (Poème Chorégraphique), do pianista francês Maurice Ravel, e Danzón nº 2, do mexicano Arturo Márquez.

Além do trabalho na Osba, Prazeres é regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. “Fui para São Paulo em 2022 ciente de que estava levando um case de sucesso. Eles me convidaram pedindo que eu replicasse lá o que eu fiz na Bahia.” As limitações, no entanto, são maiores. “O pessoal é mais conservador. O máximo que eu consigo é uma homenagem a Belchior ou Raul Seixas”, gracejou. Ele também vai assumir neste ano a direção artística da Orquestra Light da Rocinha, uma sinfônica formada por jovens da comunidade carioca. Para equilibrar as múltiplas funções, ele divide o mês em dois: passa duas semanas na Bahia e duas em São Paulo. De vez em quando, aproveita uma brecha na agenda para ficar ao menos uma semana no Rio. Não tem assistentes e se orgulha de comandar as orquestras sozinho. 

O trabalho de Carlos Prazeres virou inspiração na família. Felipe, o irmão mais novo, é regente titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (OSTM) e maestro da Orquestra Petrobras Sinfônica (Opes). Ele já fez concertos em homenagem à banda de rock Los Hermanos e às trilhas sonoras de jogos de videogames como Mario Bros, Street Fighter e The Legend of Zelda. “O meio musical de concerto no Brasil é uma bolha muito pequena. Se eu e ele tivéssemos ficados presos a isso, hoje em dia não teríamos mais público”, afirmou. Apesar dos elogios, faz um adendo. “Nós somos músicos graças ao repertório clássico. Sem os grandes compositores uma orquestra não existiria.”

Quando está de folga, Carlos Prazeres é presença quase certa nos rolês que acontecem na região central da capital baiana. Um dos seus lugares preferidos é o bar Velho Espanha, no Barris, onde costuma tomar cerveja em pé na calçada. O local tem seu nome escrito no mural em uma das paredes que dá ao banheiro. No Boteco do França, no Rio Vermelho, outro bairro da boemia soteropolitana, Prazeres virou prato: uma carne de fumeiro com farofa de bananas servida como entradinha.

A mistura que o maestro promove em seus concertos aparece também em sua rotina fora dos palcos. Gosta de malhar ouvindo a Sinfonia de nº10 em Mi menor, Op. 93 do pianista russo Dmitri Shostakovich, mas admite estar viciado na música LUST, do rapper americano Kendrick Lamar, que descobriu recentemente em uma viagem a Los Angeles. “Isso não vai ferir o meu ouvido de músico. Ivete Sangalo é melhor que Beethoven se você estiver em cima de um trio elétrico.”

Mesmo que despretensiosamente, ele gosta de analisar as melodias e letras de canções quando não está trabalhando. “A forma como MC G15 construiu a harmonia de Deu Onda tinha tudo para dar errado, mas funcionou. Acho uma música fantástica.” Outro viral sob seu escrutínio é Resenha do Arrocha, sucesso de J. Eskine. “Minha parte preferida é quando ele canta É vuk vuk, vuk, vuk na onda maluca. Não faço ideia do que significa.” Esse olhar para a música contemporânea e popular, e seu alcance no público, é o que baliza seu trabalho. “Entendi que quando olhamos para uma orquestra como uma extensão da sociedade, isso gera uma sensação de pertencimento.” 

Mas todo Carnaval uma hora chega ao fim, e as invenções de Prazeres à frente das sinfônicas podem terminar em breve. Ele faz mistério. “As abnegações pelas orquestras têm um tempo para acabar. Até hoje foi uma opção de vida que eu fiz, mas não sei se vou aguentar por muito mais. Tenho um problema com a minha idade. Tudo na minha vida só aconteceu mais tarde. Ainda não tive filhos, por exemplo. Só fui experimentar doce [LSD] depois dos 40”, contou. Para 2025 traçou novos planos: quer comprar um skate e aprender a surfar.