CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2025
Quilombo sobrenatural
O realismo fantástico de um filme feito em Goiás
Tiago Coelho | Edição 228, Setembro 2025
A cineasta goiana Larissa Fernandes é descendente de camponesas do interior do Maranhão que cultivam a tradição oral de contar histórias. Foi com uma delas, sua avó Maria da Conceição Fernandes Santos, que tomou gosto pelas narrativas fantásticas. Quando criança, a cineasta gostava de ouvir a avó contar sobre a sereia que aparecia no Rio Grajaú, onde as mulheres lavavam roupas, na cidade do mesmo nome. “As lendas da minha família me impressionam até hoje. Um dos meus tios, que foi caixeiro-viajante, já viu inclusive extraterrestres”, conta. “A história da sereia me acompanhou até a vida adulta.”
De fato. Em 2013, Fernandes foi comemorar o Ano-Novo na Bolívia, à beira do Lago Titicaca. O velho recepcionista do hotel em que ela estava hospedada na Cordilheira dos Andes arregalou os olhos e a alertou em tom misterioso: “Tome muito cuidado. À meia-noite, se você estiver olhando para o lago, escutará o canto da sereia, e ela te arrastará para o fundo.” Na virada do ano, Fernandes achou melhor virar as costas para o lago.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINELeia Mais
