minha conta a revista fazer logout faça seu login assinaturas a revista
Jogos
piauí jogos
Cenas de um divórcio na CNN Brasil

    Doria nos estúdios da CNN Brasil, na Avenida Paulista Imagem: reprodução

anais da tevê

Cenas de um divórcio na CNN Brasil

A presença de Doria na emissora é a pá de cal na relação entre Rubens Menin e João Camargo

João Batista Jr. | 02 out 2025_15h17
A+ A- A

Às 12h40 desta quinta-feira (2), o âncora da CNN Brasil anunciou uma “entrevista importante e exclusiva”. Na sede da emissora, na Avenida Paulista, estava ao vivo o empresário, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo João Doria, “para avaliar o atual momento da política nacional”, “das relações do Brasil com os Estados Unidos” e outros assuntos relevantes. Àquela altura, já haviam sido postadas no Instagram de Doria cenas de sua chegada aos estúdios, nas quais destacava que a CNN é “referência em jornalismo de qualidade, feita diariamente por grandes profissionais”.

Trata-se de uma cena que seria impossível até semanas atrás. Doria já foi uma presença constante na CNN Brasil, mas isso só aconteceu até 2022, quando desapareceu da tela do canal diante da chegada de um grande rival, João Camargo, à presidência do canal de notícias, cargo que acaba de deixar de forma tumultuada. Logo o nome do paulista foi vetado. A vinda do inimigo do ex-chefe com tapete vermelho mostra que a página foi virada em definitivo.

Uma reportagem na edição de outubro da piauí conta os conflitos que levaram ao rompimento do dono da emissora, Rubens Menin, com Camargo, líder da Esfera, grupo que atua no mesmo nicho de João Doria: conecta empresários e autoridades em grandes eventos – e fora deles.

Até o início deste ano, tudo corria muito bem na relação de João Camargo com o mineiro Rubens Menin, o dono da CNN, que ergueu sua fortuna na construção civil e é dono da Rádio Itatiaia, uma das principais de Minas Gerais.

Quando Camargo assumiu a presidência, em 2022, a emissora tinha um rombo de 100 milhões de reais. Ele arrumou a casa, enxugou gastos e obteve sucesso comercial com novos projetos. O custo operacional mensal da CNN Brasil é de 20 milhões de reais e desde o ano passado a empresa está no azul.

As coisas começaram a desandar quando Camargo e seu irmão Neneto Camargo compraram, em fevereiro, a rede de rádio Transamérica, presente em 370 cidades, por uma quantia estimada em 70 milhões de reais, segundo o Valor Econômico. A rádio dedica 60% de sua programação aos esportes e seria apenas mais um item no portfólio da família Camargo, que já tem ampla participação no mercado radiofônico do país (é dona das rádios Disney Brasil e Alpha FM, entre outras).

Camargo decidiu que a rede passaria a se chamar CNN/Transamérica e transmitiria parte da programação do canal de tevê. Uma logomarca foi criada e o plano era lançar o novo formato até setembro. Uma equipe de cerca de trinta pessoas se reunia semanalmente na CNN para dar andamento ao projeto. Camargo também ordenou que o canal seria responsável por todo o jornalismo da rádio.

Mas, na hora de contratar funcionários externos, foi preciso definir qual seria o CNPJ da empresa contratante – se a CNN ou a Transamérica. Menin foi finalmente consultado. Até então, ele não sabia que a rádio passaria a levar o nome da CNN. Também ignorava que reuniões para lançar a nova Transamérica aconteciam na sede do seu canal, onde toda uma equipe havia sido deslocada para cuidar do lançamento.

Menin recebeu essas notícias com surpresa – e sentiu-se preterido nas decisões que vinham sendo tomadas, muitas delas nem sequer aprovadas pelo conselho da CNN. Uma semana depois, Camargo anunciou a sua saída do canal.

Uma das primeiras providências de Menin foi derrubar o veto a Doria. Em 27 de agosto, quando a Esfera de Camargo fazia seu evento em São Paulo, o site da CNN optou por ignorar um evento da empresa do ex-presidente e dar destaque a uma fala do ministro Gilmar Mendes, do STF, no Seminário Econômico Lide, promovido pelo ex-governador, em Brasília.

Nesta quinta, o novo presidente da emissora, o mineiro João Vítor Xavier, fez questão de receber pessoalmente o desafeto do antecessor.

A reportagem completa pode ser lida aqui.

Assine nossa newsletter

Toda sexta-feira enviaremos uma seleção de conteúdos em destaque na piauí