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A cruz alada de Lucio Costa

Esta página fez parte de um belo álbum formado nos anos 1970 por uma intelectual que conhecia importantes figuras da cultura brasileira. Escritores como Nelson Rodrigues ou Jorge Amado, poetas como Vinícius de Moraes ou Paulo Mendes Campos, compositores como Chico Buarque, preencheram páginas do álbum com textos ou citações de suas obras.

Solicitado em 1972 a deixar também uma contribuição por escrito, Lucio Costa realizou em dois traços um desenho singelo, mas sublime, que assinou “Lembrança de Lucio Costa”.

| 02 jul 2013_16h36
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Apesar de seu papel fundamental como criador do plano piloto de Brasília, e de sua longa carreira (morreu aos 96 anos, em 1998), Lucio Costa foi um homem modesto que sempre fugiu das solicitações da fama, ainda que aceitasse delicadamente as manifestações de seus numerosos admiradores.

Dedicado ao trabalho, à família e à leitura, via com prazer os amigos, mas passava a maior parte do tempo no seu apartamento do final da praia do Leblon, atulhado de livros que invadiam todos os cômodos.

Sua correspondência conhecida não é numerosa e, devido à sua discrição, só raramente lhe pediam para assinar álbuns de autógrafos.

Por isso, a peça aqui reproduzida ganha uma dimensão especial. Esta página fez parte de um belo álbum formado nos anos 1970 por uma intelectual que conhecia importantes figuras da cultura brasileira. Escritores como Nelson Rodrigues ou Jorge Amado, poetas como Vinícius de Moraes ou Paulo Mendes Campos, compositores como Chico Buarque, preencheram páginas do álbum com textos ou citações de suas obras.

Solicitado em 1972 a deixar também uma contribuição por escrito, Lucio Costa realizou em dois traços um desenho singelo, mas sublime, que assinou “Lembrança de Lucio Costa”.

Trata-se das linhas mestras do famoso plano de Brasília em forma de cruz, de avião ou de pássaro, (segundo as muitas interpretações). O grande arquiteto e urbanista redesenha o plano piloto a pedido dessa amiga, quinze anos depois de sua concepção inicial e data o desenho debaixo de sua assinatura “1957-1972”.

Um ditado francês reza que “um pequeno desenho pode dizer mais que um longo discurso”. Lucio Costa nasceu em Toulon, na França, e era profundamente francófilo.

Neste caso, as duas linhas entrelaçadas do desenho valem de fato mais que muitas linhas de texto que Lucio Costa poderia ter traçado, e representam uma magnífica evocação de um dos momentos mais criativos da brasilidade.

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