A jovem Bidú Sayão

O Brasil pode se orgulhar de artistas que alcançaram indiscutível projeção internacional no mundo da música clássica do século XX. Heitor Villa-Lobos é reconhecido como o maior compositor do século passado nascido na América Latina e, entre os pianistas, Guiomar Novaes e Nelson Freire ombrearam-se com virtuoses de seu tempo. Nas últimas décadas, Antonio Menezes se firmou entre os mais aclamados violoncelistas contemporâneos.

Na ópera, apenas um nome se destacou: a carioca Bidú Sayão. Falecida em 1999, aos 97 anos, a cantora teve uma carreira de enorme sucesso na Europa e, sobretudo, nos Estados Unidos.

A foto mostra uma Bidú jovem e encantadora no papel de Rosina, no Barbeiro de Sevilha, de Rossini, uma das óperas mais populares desde o século XIX, com inúmeras montagens até hoje em todo o mundo. Aos 24 anos, sua presença física e a linda voz já a singularizavam na modesta cena lírica brasileira. Foi nesse papel que ela estreou em Roma, no mesmo ano, sua carreira internacional.

Bidú foi uma soprano coloratura de grande qualidade e suas apresentações na década de 1930 a 1950 eram muito admiradas, inclusive pelo célebre maestro Toscanini, que sempre a protegeu, assim como Villa-Lobos, de quem foi uma das intérpretes preferidas. Nos anos 40, figurou entre as estrelas da Metropolitan Opera de Nova York, cuja entrada até hoje é adornada por um retrato a óleo da cantora.

A foto, entregue em São Paulo e datada de 1926, traz uma dedicatória a um crítico do importante Jornal do Comercio (aparentemente também cantor amador, no papel de Dom Basilio). Uma das mais antigas entre as milhares que Bidú assinou ao longo de sua trajetória, permanece um raro testemunho dos primórdios de sua carreira em seu país natal.